Charter em Angra - janeiro de 2005

Antes de ir para o Chile visitar meus cunhados, deixei o cardápio pronto, com as devidas consultas de "quem não gosta de quê" para evitar surpresas desagradáveis por um lado, e por outro, fugir do tradicional macarrão e sanduíche. Dessa maneira tentei um cardápio variado com carne assada, frango, pizzinhas de pão de forma, polenta com mussarela derretida e lingüiça calabresa defumada, entre outras opções mais apetitosas e de fácil preparo. Na ante véspera fiz as compras dos não perecíveis e na véspera fiz as compras dos perecíveis, e já preparei os assados de maneira a levá-los congelados. No dia da viagem tudo estava pronto para a partida. Íamos em cinco amigos num charter em Angra, velejar à bordo de um MJ 33, de 10 anos de construção, teoricamente recém reformado, de 21 a 25 de janeiro.
Daniel "Mix" Kamamoto, João Campos, Ricardo Gobbi e Wallace Splendori, além de mim, Ricardo Amatucci, formaram a nau dos desorientados. Depois, o pessoal voltaria para São Paulo e minha esposa e minha filha desceriam para ficarmos até dia 28 por lá... Eu havia combinado antes de ir ao Chile com o João Campos, que iríamos juntos no dia 20 depois do almoço para arrumar as coisas e deixar tudo pronto para quando o resto do pessoal chegasse. Na véspera entretanto, o Gobbi ligou pedindo para que o esperássemos para que pudéssemos ir no mesmo carro... Daniel e Wallace foram no dia seguinte. Conseguimos deixar São Paulo após uma marginal congestionada, por volta de 16:30h do dia 20/01. Chegamos ao Bracuhi por volta de 22:00h e depois de tirar a maioria das coisas do carro e deixá-las no veleiro, partimos para uma merecida janta no "Francês", um simpático restaurante à beira dos atracadouros da marina, voltando para um sono tranqüilo, mas quente e abafado...


O desorientado faltante está batendo a foto...

21/01/2005

A casa do Ricardo Lepreri, que tem quatro veleiros para charter, é uma casa simples e bastante agradável, como convém a um velejador. Com uma varanda na parte de trás, que faz limite com um deck já sobre o canal de Bracuhi, centenas de outras casas e veleiros "no quintal" completam a vizinhança. Um verdadeiro paraíso para velejadores. De sua propriedade, há dois Brasília 32 e dois Cabo Horn para charter, sendo que em temporada, alguns amigos disponibilizam outros veleiros para ele,  a exemplo deste MJ 33 que alugamos. 
Pela manhã, tomamos café à bordo do "Feng Shui" e estávamos prontos para sair para nosso primeiro dia de velejadas... ou quase. Gobbi e Campos, eméritos pescadores haviam levado toda uma tralha de pesca, que incluía inclusive iscas para lulas, diversas linhas e varas, carretilhas, molinetes e outras tralhas mas, óbvio, faltava alguma coisa: camarão. Lá fomos nós em busca do camarão pelas bandas do Frade, uns 6 km do Bracuhi. Comprados os bichos, mortos e no (pouco) gelo pudemos finalmente deixar o canal em direção à nossa primeira parada, a ilha de Paquetá. Um dos privilégios do "Feng Shui" era ter um guincho para a âncora. Quem já jogou e recolheu o ferro mais de uma vez por dia, sabe quão penoso isso pode ser... Largamos ferro na pequena enseada de Paquetá, onde estrategicamente nadamos até um bar flutuante antes de chegar a praia. 


Paquetá e seu bar flutuante

A temporada prometia... Após uma cerveja bem gelada e uns mergulhos, foi a vez de um belo peixe frito... com mais cerveja. Quando a preguiça bateu, sentimos que estava na hora de sair de lá. Afinal, estávamos ali pra beber ou pra velejar ?
Bordejamos pela baía entre as ilhas de Paquetá e do Brandão, ao norte da Gipóia. Quando o tempo fechou entretanto, com nuvens mais escuras ameaçando uma pauleira, achei por bem que devíamos voltar - não sem protesto dos demais desorientados - até porque já eram mais de 17:00h e tínhamos um veleiro desconhecido nas mãos, e mais de 6 milhas pela frente. Dormimos mais uma noite quente, mas ainda não sabíamos quão confortável estávamos até chegar mais dois tripulantes... 


Vam' vortá macacada !

Logo logo o valente "Feng Shui" teria um apelido alusivo ao número de homens por metro quadrado versus o calor abafado: "sauna gay"...

22/01/2005

A manhã do dia 22 foi preguiçosa e aproveitada para terminar de descarregar o carro e aproveitei para sugerir uma arrumada no veleiro, para que o Daniel e o Wallace encontrassem um ambiente melhor do que deixamos no primeiro dia. Almoçamos no Bracuhi e no final da tarde chegaram os dois restantes. Já noite, novamente fomos jantar e usar o banheiro da grande e bem organizada marina do Bracuhi, para no dia seguinte pela manhã, partirmos em cruzeiro. Nessa noite descobrimos que o lay out do MJ 33 não era exatamente o que poderíamos chamar de confortável. Como a mesa central não abaixava para virar uma cama de casal confortável, como previra o projeto, por conta do proprietário tê-la fixado permanentemente, tínhamos que contar com duas camas de popa, uma em cada bordo, e uma de proa, teoricamente de casal, mas que somente um casal muito apaixonado é que poderia ocupá-lo dadas as suas pequenas dimensões. Para cinco adultos, dois teriam problemas. Uma vaga logo foi ocupada pelo Daniel, que tratou de se ocupar com um dos sofás da mesa central. Até hoje nos perguntamos como ele coube lá ,mas o fato é que lá ficou todas as noites subseqüentes... Restava um de nós e a solução óbvia foi o chão, com o devido revezamento de uma noite para cada um. Estava inaugurada a sauna gay...


Interior do Feng Shui, a "sauna gay"...

Saímos sem vento, motorando cedo direto para as ilhas de Paquetá / Itanhangá (ilha do Arroz), onde paramos após o motor esquentar um pouco e soar o alarme. Jogamos ferro e logo Wallace e João Campos resolveram explorar a ilha. Saíram remando no bote mal chegaram a desembarcar, voltando rapidamente. A ilha, alugada para Luciano Huck, transformou-se num paraíso do mau gosto, uma danceteria onde o som rola madrugada adentro. Graças a Deus íamos embora em breve. Mas, longe de voltar pelos motivos estéticos, morais ou filosóficos, nossos bravos exploradores descobriram que um cachorro solto na praia, desencorajava o desembarque... Zarpamos em busca da Gipóia, onde a praia do Dentista nos esperava com suas praias de areia branca. 


Velas ao vento...

Entramos na pequena enseada com nossos eméritos pescadores no currico e logo a linha esticou, puxou e envergou a vara de maneira que ficou claro que algo realmente grande havia caído na linha. Era grande mesmo. Haviam fisgado a lancha que faz passeio de para-sail (pára-quedas amarrado a um cabo) na ilha... Na verdade,  a tal lancha é que nos atravessara o caminho, já que o piloto, olhando para trás, estava mais preocupado com não deixar o para-sail molhar, do que com seu trajeto...

Jogamos ferro a 7.2m, na parte leste da ilha, e logo saímos para um mergulho. Logo fomos chamados pelo Gobbi que descobriu uma tartaruga nadando tranqüilamente próxima ao barco-bar do Jango. Jovino Luiz Rosa foi o primeiro pescador a descobrir esse nicho de negócios e abrir o seu "Jango's Bar" e até hoje faz seu ponto na Gipóia. Se não quiser desembarcar, não precisa: basta chamá-lo no canal 10 e deliciar-se com seus quitutes... 


Praia do Dentista na Gipóia

Saímos após o almoço em direção a ilha Grande. Nosso destino seria o Saco do Céu. Algumas horas depois, sem vento e motorando por mais de 3 horas, o tal alarme de superaquecimento voltou a dar seu sinal de vida... A essa altura estávamos ao largo da Enseada do Bananal, e após uma breve reunião decidimos ficar por lá, já que a área era bem abrigada de ventos NE, que entrariam segundo a previsão. Após a janta e um bom papo, o Gobbi nos ensinou um jogo de cartas chamado "Presidente", onde o objetivo do jogo é ganhar o cargo e ferrar os outros... Sugestivo...
O Bananal é uma grande Enseada abrigada de NE a S, com um hotel um restaurante e uma simpática operadora de mergulho, a Ocean, que visitamos no dia seguinte a procura de alguns itens de equipamento que precisávamos, antes de partir para o Saco do Céu. Apesar dos ventos e dos giros, passamos uma noite tranqüila e descansada... apesar de quente e abafada...
A esta altura, os camarões já davam mostra de que suas almas haviam há muito se retirado de seus corpos, em busca do frescor da eternidade, deixando-nos apenas - segundo nossos pescadores - um pequeno odor característico do camarão... 


Enseada da Bananal: bom abrigo contra L e Ne


Um simpático complexo hotel / operadora de mergulho

23/01/2005

Pela manhã, após o café, fomos com o bote até a operadora de mergulho para que alguns de nós comprássemos os equipamentos que necessitávamos e logo depois zarpamos para o Saco do Céu, nosso destino original antes da parada técnica para resfriamento do motor. 


Quem não tem pau de spi inventa moda com o croque

Nesta manhã entretanto o vento deu o ar da graça e pudemos velejar bastante. Bastante o suficiente para que um dos desorientados resolvesse pular na água com o veleiro a 6kn em contravento, e ser rebocado por um longo cabo preso á bóia circular. Alguns de nós já havímos feito isso, mas o vento estava mais brando e o veleiro ía a uns 2kn no máximo. Lá se foi ele vários metros e lá fomos nós, tocando o Feng Shui. Nessas horas, ninguém fica olhando pro cara que vai lá atrás... Portanto passaram-se alguns segundos (?) até que um de nós pudesse ver o que se passava: o João Campos, protagonista da façanha, desaparecia e emergia involuntariamente, por causa da pressão que a bóia circular recebia do deslocamento da massa de água. O Wallace gritou pra mim, que estava timoneando naquele momento um sonoro "pára o barco !", como se um veleiro tivesse freio de mão e a capacidade de dar um cavalo de pau... Imediatamente olhei pra trás e ví a cabeça do João saindo de baixo d'água meio afogado, meio não (pela cara, acho que a parte afogada era a do cérebro...). Na verdade, após uma guinada de 180º (nessas horas as tais manobras de butakoff que se fodam...), um jaibe (in?)voluntário e um quase atropelamento, estávamos bem ao lado do João. Mais tarde ele nos explicaria, mostrando os vergões em sua perna, como o cabo enroscou próximo do calcanhar, impedindo-o de ficar na superfície... Recolhido o náufrago, retomado o fôlego, prosseguimos.
Nessa hora, nossos amigos profissionais da pesca já haviam decidido colocar os camarões - pelo menos seus corpos mumificados - na caixa de gelo, com toda a comida da viagem...
Rumores de motim à menor ameaça do capitão, de desembarcar os defuntos para um enterro digno em alto mar.
Em reunião da cúpula do alto comando, Daniel e eu decidimos que os bichos sairiam dali... 
Traído por Campos, Gobbi não teve outra alternativa, senão manter suas iscas-mortas fora do veleiro, numa pequena bolsa térmica, que na verdade a esta altura cozinhava lentamente o putrefato conteúdo exalando um cheiro de sei lá-o-quê...
Antes de entrarmos no Saco do Céu, fomos ao Abrahão, onde compramos mais gelo e alguns itens como sucos, água e outras coisas que necessitávamos. A parada foi feita no píer das embarcações de passeio, e nos permitiram exatos 15 minutos antes de sermos convidados a sair. No píer havia um pequeno tumulto causado pela autuação das autoridades marítimas a uma pequena lancha, pela falta de alguns equipamentos de segurança. A cara desespero do marinheiro dava dó, mas a aparência da embarcação, o desleixo em seu interior e a conservação geral não deixavam dúvidas que ali algo de errado estava acontecendo e era apenas uma questão de tempo para que um acidente mais sério ocorresse. Como o vento estava bom, fui voto vencido na intenção de visitar os arredores e logo zarpamos em direção à entrada do Saco do Céu. Como não conhecíamos a entrada e pela carta havia um fundo bem raso e algumas lages aqui e acolá, resolvemos fazer um reconhecimento antes de dar uns bordos, de maneira a voltar já com o final da tarde e ancorar para dormir. 


Casa no Saco do Céu em frente a qual existe uma laje submersa

E assim foi feito. Estabelecemos um limite de horário em função da distância, no qual poderíamos voltar a motor com a luz do dia e em segurança, ainda mais depois de fazer o reconhecimento. Velejamos até o final da tarde e quando jogamos ferro, ainda restou um tempo para uma caminhada no vilarejo antes de escurecer. O Daniel procurou um picolé, mas o comércio mais próximo não tinha nada além das fotos no freezer, de maneira que fomos caminhando pelo interior, e passamos por uma das casas, que tinha uma pequena placa, escrita à mão: "Vende-se Picolés". Todos olharam e seguiram em frente, como que com certa vergonha ou algo assim. Bem, pensei, vamos aos picolés da Dona. Parei, bati palmas, mas logo a vizinha gritou que a tal Fulana estava na missa e que não havia ninguém para vender os tais picolés... Ficou pra próxima...


O reflexo do céu na água é que dá a esse lugar o nome de Saco do Céu !

Justiça seja feita, usando os corpos em decomposição das espécimes de Penaeus ssp. - os tais camarões podres - Gobbi fisgou um peixe enorme, trazendo-o à flor d'água. Mas por esses caprichos que envolvem os pescadores, o bicho ficou na memória de todos nós, que pudemos imaginá-lo na churrasqueira, temperado e regado à caipirinha e cerveja...

Voltando ao veleiro, já de roupa trocada, o Daniel trouxe a novidade de que o restaurante "Coqueiro Verde" tinha um táxi boat, bastava chamar pelo canal 16. E mais, que tinha chuveiro, banheiro - isso mesmo - banheiro, limpinho, sem balanço, sem retorno, sem válvula, sem aperto. Enfim, um banheiro... Chamamos pelo canal e aguardamos. Mais afoitos, João Campos e o Daniel saíram no bote, prometendo mandarem nos buscar. Confesso que duvidei das duas coisas: que eles realmente se esforçassem por mandar nos buscar e que o pessoal realmente se dispusesse a pegar três marmanjos com poucas chances de gastar no restaurante... Mas pensando bem, eles não sabiam desta última condição... Transcorridos uns 40 minutos, já com o escuro da noite, ouvimos um motor que se aproximava... e lá estava o táxi boat. Banhos e banheiros em dia, acabamos por pedir umas porções de lula e mexilhões ao vinagrete, que o Daniel sonhava já na véspera. Ele aproveitou para deixar seu celular carregando no restaurante, e nos fez jurar que não o deixaríamos esquecê-lo ali. Um gaiato escreveu um bilhete e colocou-o no armário de cozinha... 

Voltamos para o Feng Shui para mais uma noite de revezamento no rodízio dos quartos e do chão. Todos queriam logo passar a noite do chão, que prometia ser a pior, e então o duro era decidir quem não dormiria aquela noite sem cama adiando o horror para a noite seguinte. Naquela altura da viagem, o Gobbi já era chamado de "Gobbi Dexter", numa alusão ao desenho onde um personagem chamado Dexter é cientista e tem planos e explicações científicas para tudo. Por força de seu trabalho, ligado à área química, sua "expertise" é explicar o fundamento das coisas... Da flutuabilidade das iscas à agregação das moléculas de sabão e água salgada que permitiam o banho de água salgada com sabonete, etc. etc. e mais etc., sempre tínhamos uma explicação - se não verdadeira - bastante convincente...
Terminamos a noite com mais uma partida de "Presidente", mas desta vez eu fiquei de fora, rindo dos que tentavam escapar do cruel destino de povo...


Feng Shui ancorado em Paquetá

24/01/2005

Dormida mais uma noite, a manhã seguiu com o café da manhã e uma estória engraçada. Seguíamos no desjejum, quando pelas contas de alguns de nós, o pão seria suficiente para a tropa de desorientados desde que alguém ficasse com as cascas... Dessa maneira, lá se foi "Gobbi Dexter" iniciando um discurso no qual, a vítima Wallace deveria comer as cascas, já que eram mais ricas em carboidratos e pela sua compleição física ele deveria ser o mais alimentado, então todos abriríamos mão com o maior prazer, da parte mais substanciosa do pão: exatamente a casca !  
Claro que rimos todos, sobraram as cascas e até mais algumas fatias, pois havia mais pão do que pudemos comer em toda a viagem...


Entre o Bananal e o Abrahão, passando pelas balizas

Terminado o café, antes de partir voltamos ao restaurante Coqueiro Verde, que tem uma poita com água doce e tratamos de usufruir mais um pouco do banheiro antes de partir. Nosso roteiro ainda incluiria uma parada na "Lagoa Azul". Confluência de três ilhas principais - Macacos, Comprida e Redonda - no lado norte da Ilha Grande, ali a água cristalina e calma faz o paraíso dos mergulhadores e turistas dos passeios de escuna, que costumam lotar o local. Jogamos ferro por lá e tratamos de mergulhar entre estrelas do mar, peixes e milhares de filhotes recém nascidos, que formavam um berçário enorme, numa verdadeira nuvem. No princípio pensei que era poluição, causada por restos de comida jogados pelo barco bar (sim, lá também há um...). Mas prestando atenção vi pequeninos serem que, aos milhares, numa nuvem, me envolvia por todos os lados... Tratei de chamar os demais desorientados. Foi Deus que fez esse lugar...


Mergulho ao lado de uma nuvem de peixinhos recém-nascidos

De lá, partimos para a Gipóia, na praia do Dentista, que já conhecíamos desde a última "pescaria". Logo na chegada, fomos procurados pelos tripulantes do tal para-sail, que nos acusaram de ter fisgado uma banhista, cuja família estaria à procura dos responsáveis... Ingenuamente ficamos nos entreolhando e logo nas primeiras perguntas que fizemos eles trataram de ir embora deixando-nos perplexos. Como poderíamos ter feito isso e não termos nos dado conta? Conversamos, juntamos as informações e matamos a charada: no dia que chegamos a lancha cortou a linha de nossos pescadores desorientados, quase a meia milha antes de chegarmos no local onde largamos ferro, obviamente sem ninguém nadando - muito menos uma menina, como o relatado - num local aberto ao mar e com mais de 10 m de profundidade. A linha deve ter ficado na própria lancha e posteriormente ferido alguém pois ela sim, entrava e saía da praia diversas vezes por dia. Para não assumir a barbeiragem de ter passado muito perto de nós, manobrado somente no último momento e ter cortado a linha, muito menos ter causado posteriormente o acidente, procurou-nos para nos culpar... No dia do incidente, ficáramos por mais de 3 horas na praia e ninguém nos procurou nem vimos ou ouvimos nada, numa pequena enseada onde qualquer acidente chamaria a atenção. Explicada a tentativa de pungagem por parte dos malandros, relaxamos e curtimos um lindo pôr-do-sol. Ancoramos ao lado de um Brasília 32, com dois velejadores que desde a saída do Saco do Céu tínhamos encontrado e tentado puxar um papo. Como das outras tentativas, um e outro "hã hã" foi o máximo de diálogo que conseguimos com eles. Pena que o espírito da vela não permeie todos os colegas que se aventuram no mar...


Fim de tarde na Gipóia

25/01/2005

A manhã seguinte invadiu nossas gaiútas e vigias bem cedo, e a vontade de curtir o último dia, bem como o longo caminho de volta fez com que partíssemos imediatamente, após o famoso xixi de guarda-mancebo, sem mesmo tomarmos o café da manhã. Partimos direto para a Ilha de Paquetá, pois nem o Daniel nem o Wallace haviam curtido aquele pedaço de paraíso. Fundeamos e mergulhamos durante um bom tempo, até que o cansaço nos fez pedir água. Na verdade, cerveja e caipirinha, lulas à doré e peixe frito... Para arrematar, pastéis fritos na hora, onde o grande sucesso foi o de carne de siri... É de chorar, caso você se lembre deles no seu escritório...

Partimos após o almoço, por volta das 13:00h e no início da tarde estávamos chegando em pleno canal do Bracuhi, para posteriormente encostar no "quintal" da casa do Ricardo Lepreri. Era o fim da primeira etapa dessa viagem. Em breves momentos, a confusão, a bagunça, as pequenas desavenças e grandes alegrias dos cinco amigos deixavam um silêncio inquietante e saudoso a bordo do Feng Shui. Arrumação de mochilas, cumprimentos, correrias e fotos. Num instante eu estava só...

O sossego entretanto não durou muito. Nem bem passados 30 minutos da saída do pessoal, chegou o mecânico, chamado pelo Lepreri, para verificar o porquê do motor esquentar tanto e tão rápido. Foram 3 vezes em menos de 5 dias. Rapidamente o óbvio foi constatado: a entrada de água de refrigeração estava impedida por uma mangueira torcida. O rapaz foi-se prometendo voltar no dia seguinte. Liguei para a Diana e fui descansar um pouco. Mais tarde, a família Lepreri me ofereceu uma das suas bicicletas para que eu pudesse ir até a marina. Na hora de sair ele também pegou uma e acabei indo com ele. Cada um em uma bicicleta, fomos pedalando e batendo um gostoso papo, dentro do espírito da vela: sem camisa, relaxados num ambiente onde veleiros e iates de milhares de dólares acabam por igualar-se aos pequenos e mais simples, por causa da paixão pelo mar. Ele me contou um pouco de sua viagem pela costa do Brasil e pelo Caribe, e de como construiu os dois "Cabo Horn", projeto de 35 pés do Cabinho, levando 2 anos em cada um, e trabalhando 5 a 7 dias por semana. Como entrou na Bahia de todos os Santos após uma tempestade e à noite, contrariando seus próprios princípios de tão cansado e como achou meio ao acaso o local para fundear. E de como ele e sua esposa comemoraram, secos no interior do veleiro, com uma janta simples mas deliciosa, na madrugada bahiana... Após a cerveja ele voltou e eu fui jantar, aproveitando para conhecer o palmito assado no restaurante do Francês do Bracuhi. Prefiro não comentar essa parte pelo medo de achar que daqui pra frente toda e qualquer comida é sem graça... Na volta, meu pé escapou do pedal e como estava de sandálias havaianas, acabei rasgando um pedaço do dedão numa topada que lembrei até o final das férias. De qualquer maneira, fui até o banheiro organizado e limpo da marina, lavei o machucado e fiz um curativo estancando o sangue, e voltei pedalando, dolorido e feliz para o veleiro.

Lá pelas 23:30h o tempo fechou e às 00:00h entrou a frente fria que trouxe vento, chuva e nos próximos dias, frio. As goteiras que penetravam em todas as gaiútas do veleiro deixaram claro que seria uma noite longa e molhada. Fiz o que pude com plásticos, uma chave de fenda e outra de boca, minimizando a situação. Um tempo depois, apagou a luz das casas e aproveitei para esticar o toldo, já que estava pelado e com calor... Que figura...

Terminado o trabalho, entrei, peguei uma taça de vinho gelado e pus-me a escrever...

26/01/2005

Pela manhã, fiz um café preto e um pão com manteiga. O mecânico apareceu e trocou a famigerada mangueira. Depois fui com o Lepreri comprar gelo e reabastecer a geladeira do veleiro para a chegada da Diana e da Helena, ainda sob uma chuva que nos acompanharia pelo resto da viagem. Fui convidado a almoçar na casa com os Lepreri, batendo um longo papo que versou sobre a educação francesa. Júlia, a filha do casal, tem cidadania francesa já que o pai é francês. Dessa maneira, ela tem o direito de fazer (e está fazendo !) um curso a distância, com a tutoria de Lili, a mãe, e material enviado pelo governo francês. O curso é o equivalente ao curso regular da França, de maneira que quando terminado, a menina terá um diploma oficial da França, além de estar cursando uma escola pública (7ª série) no Brasil. Tive a oportunidade de ver de perto e folhear o material: livros excelentes, metodologia muito boa e a qualidade geral, excelente.

Após o bolo de chocolate da Lili, regado a conhaque (Napoleon !) de sobremesa, fomos até o posto com uma bombona pegar os 20 litros de diesel que estavam faltando para completar o tanque. Na volta, um casal de argentinos com uma casal de filhos pequenos (3 e 4 anos), estava chegando de Parati em um charter num dos Cabo Horn construídos por Lepreri, exatamente o que ele fizera a costa brasileira e o Caribe. Claro que fiz questão de conhecê-lo por dentro...

Por volta das 16 h chegaram as meninas. Minha alegria foi grande, pois desde o dia 12, portanto há 14 dias eu não as via, pois tinham ficado no Chile.


As corajosas marujas enfrentaram ondas e frio com bravura !

Colocamos as coisas no veleiro e após uma breve tentativa de "almojantar" novamente aquele palmito no francês, que estava fechado àquela altura, zarpamos sob forte garoa e frio, por volta das 17 h, e não sem antes dar outra topada no velho dedão machucado... Rumamos direto para Paquetá, onde jogamos ferro. A chuva não deu trégua e já à noite, após um lanche e um pouco de namoro, as meninas dormiram. A maré estava baixando e eu fundeara um pouco mais perto da praia do que da outra vez, com receio do vento e das marolas que entravam na pequena enseada. Dessa maneira, fiquei vigiando o ecobatímetro. Com um calado de 1,90m, o "Feng Shui" foi fundeado em 5,20m. Mesmo na pequena baía abrigada da ilha de Paquetá, o veleiro não parava de girar devido ao forte vento. À 01:00h o eco bateu nos 2,90m, para meu desespero. Eu havia decidido que se ele chegasse a 2,80m eu manobraria e refundearia o barco. Entretanto logo depois ele começou a marcar 3,0m , 3,10m e assim sucessivamente de maneira que não tive dúvidas: a maré estava subindo e eu já podia descansar. Caí exausto de sono e tensão: era a primeira vez que eu estava por minha conta, sem ninguém experiente como o Daniel para dividir as decisões ou discutir procedimentos, além de estar com os meus dois bens mais preciosos: Diana e Helena...

27/01/2005

No dia seguinte saímos sob chuva e com previsão de vento e mais chuva, na direção do saco do céu. Antes porém, saímos com o bote, sob a chuva e o frio para satisfazer a vontade da Helena que, desde a chegada, pedia para ir mergulhar comigo e estrear a sua máscara e snorkel que ganhara do Papai Noel. A praia estava absolutamente deserta. Nenhum maluco além de nós concebeu ir à praia numa ilha afastada com chuva e frio... Após alguns mergulhos voltamos e motoramos em direção ao Norte da Gipóia. Na passagem pela ilha do Macaco, ao Norte da Ilha Grande, pegamos ondas de 1,5m com forte correnteza de 1,2 kn à medida que nos aproximávamos da Freguesia de Santana e da entrada do Saco do Céu. Tivemos que desviar de muitos troncos e lixo flutuante, certamente trazidos pela correnteza e pela frente fria que entrava sem dó. Finalmente, às 13:35h após 2,5 horas fundeamos, desta vez a 6,5m, por via das dúvidas... Foi uma navegação tensa, mas que terminou com lulas a doré no restaurante Coqueiro Verde, com direito a táxi boat... Lá, conhecemos uma casal 50% simpático, formado por uma baiana e um inglês. Acho que não preciso dizer quem era o (a...) simpática... Em charter, com um Oceano 35 pés, ele estava conhecendo o verão brasileiro... talvez esse fosse o motivo do seu humor.. Dormimos com fortíssimas rajadas de pelo menos 40 kn de Ne/E.


Novamente Saco do Céu, mas agora com 40 nós de rajadas

28/01/2005

O dia seguinte amanheceu nublado mas sem os ventos e rajadas da noite anterior. Animados, subimos âncora e saímos na direção da Gipóia. Já na saída do Saco do Céu percebemos que a volta seria pior que a vinda... A lestada entrou braba e além da corrente da saída, ondas de 2,0m a 2,5m nos atingiam, ora pelo través, ora pela popa, tornando a volta muito ruim. Mesmo assustadas, Diana e Helena agüentaram firmes até a Gipóia, que fornecia um abrigo razoável, mesmo com mar agitado e os rolões desencontrados que entravam na parcialmente abrigada Praia do Dentista. Pelo menos podíamos descansar e comer alguma coisa, depois de quase 5 h de travessia turbulenta e tensa. Descansamos um pouco e logo minha filha pediu que fôssemos até a praia. Confesso que meu primeiro impulso foi negar e sair logo em seguida, com medo da possível piora do tempo e mesmo das condições locais para fundeio. Mas acabei cedendo, e fomos com o bote a remo até a praia. 


Helena: descobrindo o universo do mar

Ficamos por uma meia hora e achei por bem que era hora de voltarmos, pois ainda tínhamos boas milhas até o Bracuhi, nosso destino final. Subimos no bote com a tralha de mergulho e colocamos a Helena no bote, esperamos uma calmaria na arrebentação, pequena mas desconfortável e subimos para em seguida começar a remar. Nesses momentos, a primeira coisa que se faz é olhar a distância entre você e o veleiro, meio que instintivamente, e pensar, como está longe e a falta que faz um motor de popa no bote... Mas no nosso caso, a coisa foi bem pior...

Olhei para o veleiro e ele estava realmente longe. Mais e mais longe a cada segundo, pois havia garrado. Como desesperados remávamos em sua direção, e ele ia indo a uma velocidade espantosa na mesma direção, e sentido, mas com velocidade muito maior. Comecei a assoviar a plenos pulmões para a embarcação mais próxima, uma lancha de uns 35 pés com várias pessoas a bordo e um churrasco em pleno andamento. O máximo que consegui foi um homem de carne em punho me olhando como se eu fosse um E.T. e que logo em seguida virou as costas e voltou para o seu churrasco... Olhei novamente para o nosso "Feng Shui" e lá se ia, faceiro e descompromissado, na direção exata das pedras que ficam no meio da baia da Gipóia, em frente à Praia do Dentista. Remávamos com toda a nossa força e a Helena começou a ficar inquieta, pois não estava entendendo exatamente o que se passava, mas via seus pais muito nervosos. Numa segunda tentativa, acenei com os braços cruzando-os e assoviando para uma segunda lancha, mas os tripulantes sequer me notaram. Já quase desesperados e muito distantes do veleiro, impotentes com os remos enterrados n'água, tentei um outro barco, desta vez uma 50 pés, onde um homem embarcava um menino num bote maior, desses com o fundo de fibra e um comando central. O homem olhou-me e eu gritei com todas as minhas forças: "ajude, o veleiro garrou, socorro !". Imediatamente o homem desembarcou o menino no iate e veio em nossa direção. Pediu o cabo do nosso bote. Por medida de segurança, eu passei para o bote dele, já prevendo a manobra de desembarque, pois seria muito mais complicado sair do bote pequeno com a Diana e a Helena dentro no meio da agitação de onde o veleiro estava, do que sair de dentro do bote maior e mais alto em relação à plataforma de popa do veleiro. Logo que eu subi, ele acelerou com tanta velocidade que o pequeno bote enterrou sua popa na água quase jogando a Diana e a Helena para fora. Eu pedi a ele que fosse mais devagar e ele atendeu. Em pouco tempo abordávamos o veleiro. Subi o mais rápido que pude à bordo e fui imediatamente ligar o motor antes de embarcar as meninas. Os 15 segundos que se seguiram entre o pré-aquecimento e a partida (na verdade deveriam ser vinte, mas quem liga pra isso nessa hora ?) foram os mais longos da minha vida. Já com o motor em marcha lenta, subi as meninas a bordo, amarramos o bote e enquanto o guincho subia o ferro, tratei de agradecer o homem que a esta altura já estava a caminho de seu iate... Foi uma experiência e tanto, causada por três erros cruciais, que jurei nunca mais iriam se repetir enquanto eu estivesse no comando de uma embarcação:

  1. Eu havia decidido não fundear ali, pois as condições não eram próprias e nós poderíamos ter seguido em diante. Ao invés disso, cedi aos apelos da minha filha que queria ir à praia, o que quase nos custou um veleiro 33 pés...
  2. Eu presumi que a maré estava baixando (mas ela estava subindo) dadas as observações dos horários da noite anterior, quando fiquei vigiando o ecobatímetro. Não tinha a tábua das marés, o que deveria ter...
  3. Fundeei com pouca lazeira, para poder ficar no local mais abrigado e apoiado na suposição errada da maré baixando...

O resultado é que a maré subiu e o veleiro garrou.


Ilhas Botinas, nessa temporada, mais para galochas de tanta água...

Passado o susto e consumida a adrenalina, prosseguimos na direção do Bracuhi. Mas o tempo ainda ficaria pior. A passagem entre a saída da Gipóia e a ilha do Pinto e Paquetá, entrando no abrigo maior da Baía do Bracuhi, foi terrível. As ondas entravam vindas de leste, entre 2,0m e 2,5m mas com maior violência e as rajadas de vento derivavam bastante o veleiro, de maneira que para passar entre a ilha do Pinto e Paquetá tive que subir bastante na direção do Parcel do Pinto, para entrar entre as ilhas contando com a derivação e com folga suficiente e de maneira a não ser jogado contra as pedras de Paquetá. Dali em diante era quase uma represa, somente com o desconforto do frio e da chuva fina. Mas era incrível como o gosto da vitória de ter conseguido me safar de todas as dificuldades e de não termos passado por pânico ou descontrole, pôde ser tão boa.

Pode parecer exagero para quem nunca passou por isso, mas a sensação era a de ter obtido uma espécie de permissão do mar para voltar para um porto seguro com a família mesmo tendo cometido alguns erros. E isso é que nos torna velejadores de verdade. Saber-se pequeno diante do mar... Aprendi muito nessa viagem. Muito mais do que aprenderia em alguns anos em outras condições. Lembrei-me bastante de Eric Tabarly em seu livro Memórias do Mar:

"A profissão de marinheiro é uma profissão de humildade que exige um longo aprendizado. O mar sabe punir as bravatas. Navegar é uma atividade que não convém aos impostores. Em muitas profissões, podemos iludir os outros e blefar com toda a impunidade. Em um barco, sabe-se ou não. Azar daqueles que querem se enganar. O oceano não tem piedade."

Já era fim de tarde quando encostamos no píer particular do Lepreri. Arrumamos as coisas e carregamos o carro, seguindo um destino certo: a simpática cidade de Parati, onde encontraríamos um pernoite seco, com banho quente e uma cama bem grande e seca.
Foi lá que fizemos os planos da próxima velejada em Angra...


Vista do quarto em Parati: só nós éramos hóspedes


Passeio antes de pegar a estrada de volta...

17/02/2005
From: Érico Lacerda (Proprietário do Feng Shui) 
Sent: Thursday, February 17, 2005 9:36 AM
Subject: Assinar Livro de Visitas!

Prezado Ricardo,

Meu nome é Érico, ou Lacerda como queiram, nos não nos conhecemos, mas sou o proprietário do Feng Shui, e foi com surpresa e alegria que encontrei o seu relato das aventuras com o nosso "vento e água" (feng shui em chinês).
Sou obrigado a confessar que não tenho muitas horas velejadas nele, pois eu tinha um Brasília 25, o Tai Pan, e resolvi comprar uma maior, onde pudesse ficar em pé, e acabei comprando o feng em um amor a primeira vista. Não tinha muito dinheiro para a compra e assim acabei ficando com ele, que coube em meu orçamento. Foi comprado "no estado" e reformado durante 08 meses, deixei-o no casco e fiz de novo (quase tudo). quando ficou pronto constatei o que já sabia, o motor não prestava, um Mold 22, que vibrava e desparafusava todo o barco. Troquei um grande amor pelo motor novo (recuperado), vendi meu Puma conversível ano 81 com menos de 90.000 Km originais e troquei o motor. Fiz o que todo bom coroa faz, troquei o velho amor por um novo amor, já não tão novo, pois o motor é recuperado.
Ainda faltam alguns detalhes, como as gaiútas por exemplo, mas devagar a gente chega lá. No fim de 2004, viajei a Miami e trouxe o Guincho e hoje troquei o bico de pato, e agora não se precisa ir lá na proa para soltar a ancora, é só comandar do cockpit que ela sobe e desce sozinha, ficou muito legal.
O Ricardo me passou mais alguns problemas e estou providenciando, logo teremos um barco muito melhor, pois o barco é muito bom marinheiro e isso já provamos em bom temporal de Ilha Bela para Angra, realmente faltam alguns detalhes.
Esse barco na realidade não é um projeto MJ, mas sim é um Bruce Farr 36, que a MJ cortou um pedaço na popa, o que justifica o tamanho interno para um 33, e o pequeno tamanho das cabines de popa, aqui no Bracuhy existem alguns no tamanho original.
Talvez você não tenha achado, mais o barco tem um morcego novinho que está na cabine de proa, o que diminui muito o calor interno, e ajuda a dormir. 
Quanto a cama central, eu realmente fixei a mesa e inviabilizei a cama, pois ela articulada deixa a mesa muito balançante, e normalmente não passamos de 03 casais, apaixonados é claro, para dormirem bem juntinhos.
Foi uma pena que você pegou chuva nos últimos dias, mas Angra é sempre uma incógnita quando se fala em tempo.
Quanto ao barco ter garrado, não se preocupe (agora que passou), mas a vida é feita de erros e acerto e é com eles que aprendemos, graças a Deus está tudo bem e você satisfeito com o aprendizado, vivendo e aprendendo como se diz, e o que seria da vida se só contássemos sucessos, isso não existe. é coisa de mentirosos, e você teve a grande virtude de reconhecer o erro e acusar o aprendizado, parabéns.
Normalmente quando alugo o barco é que estou viajando, pois nessa época de temporada alugo minha casa e vou viajar e o Ricardo fica com o barco para aluguel. É como reforçamos a aposentadoria. Vamos manter contato e marcar uma data para darmos uma velejada juntos, você é meu convidado e creio ter muito que aprender com você.
Um abraço a você, seus companheiros de sauna gay, assim como sua esposa e filha.

Um abração. 
Érico

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