Seja Bem-vindo !

Ao sair, lembre-se de enviar um email e deixar sua visita registrada conosco !

O nome do veleiro surgiu antes mesmo de adquiri-lo. Foi depois de uma viagem que fizemos ao Chile...

Aproveitamos a oportunidade da viagem e visitamos a Ilha de Páscoa conhecendo de perto a história do povo Rapa Nui, e como as tribos que lá habitaram promoviam um festival anual, competindo pela liderança:

Os competidores - um de cada tribo - tinham que descer do topo de um penhasco, onde ficava a vila cerimonial de Orongo, e nadar até as ilhotas próximas, "Motu Iti", "Motu Nui" e "Motu Kao-Kao":


Petroglifos do Tangata Manu em primeiro plano
(esquerda de ponta cabeça) e ilhotas ao fundo

Lá deviam pegar o primeiro ovo recém posto pelo pássaro "Manutara" e voltar para Orongo.


Manutara


Imagem de um petroglifo em Orongo

O vencedor era declarado "Homem Pássaro", ou na língua Rapa Nui, "Tangata Manu" e tinha o direito de ter uma imagem gravada em pedra.

A Iniciação

Sempre gostei do mar. Fiz um curso de mergulho autônomo e de vez em quando saía para mergulhar. Esse foi meu primeiro contato mais íntimo...
Comecei a gostar dessa estória de velejar depois de algumas outras atividades na natureza: espeleologia e alguma escalada. Comecei a namorar a Diana no fundo de uma caverna, no Petar...
Cheguei a conhecer pessoalmente Amyr Klink e a praia de Jurumirim. 
À época, ele já havia feito a travessia do Atlântico no pequeno I.A.T. e um amigo meu namorava uma de suas irmãs. Anos mais tarde, numa oportunidade do acaso (uma ida ao cinema, e meu amigo ao invés de deixar o carro no estacionamento, deixou no apartamento do pai de Amyr, onde ficava guardado o I.A.T.) eu teria o prazer e a felicidade de entrar no pequeno barco, em sua minúscula cabine, ler os escritos à caneta em suas paredes e respirar um pouco do ar dessa aventura...


Amyr em sua chegada à Parati, no I.A.T.

Anos mais tarde, Diana e eu tínhamos uma confecção e fizemos os primeiros sacos de dormir de pena de ganso feitos e comercializados no Brasil, chegando a serem usados pelo próprio Amyr na primeira invernagem (veja ao final do livro "Parati - entre dois polos" o agradecimento à nossa querida (e já falida) "Polar Equipamentos".

 
Veleiro Rapa Nui, que apoiou Amyr na invernagem

(foto cedida à Polar Equipamentos em permuta ao fornecimento de equipamentos)

André Azevedo e Klever Kolberg também usaram nossos sleeping-bags no segundo Paris-Dakar que participaram, de moto...

 
Klever Kolberg com o sleeping-bag Polar Equipamentos
(foto cedida à Polar Equipamentos em permuta ao fornecimento de equipamentos)

As leituras de alguns livros sobre as histórias dos grandes velejadores foram incentivo: a primeira história que li foi a saga de Thor Heyerdahl, e como construiu e navegou com seu Kon-Tiki, do Perú ao Thaiti, passando pela ilha de Páscoa para provar sua teoria que os povos dessas duas regiões tinham as mesmas origens.
Aliás, na ilha, pudemos constatar como ele é respeitado e admirado pelos habitantes, pelo trabalho que ali desenvolveu, levantando moais e provando teorias...


 Kon-Tiki: feito de madeira balsa e coragem... por Thor Heyerdahl  


Hoje, uma réplica do kon-tiki  descansa no museu kon-tiki em Oslo
(o original espatifou-se nos arrecifes no final da viagem de Thor).

Depois foi a história da primeira volta ao mundo em solitário, vencida por "Sir" Robin Knox-Jonhston (com quem até troquei alguns emails !)

 
O "Suhaili" de Knox-Johnston

... e com a desistência do grande Bernard Moitessier, que preferiu continuar para o Thaiti ao invés de voltar à europa para ganhar um prêmio...


RKJ comemorando a vitória...


... enquanto Moitessier continuava a viagem

----- Original Message -----
From:
Sir Robin Knox Johnston
To:
Ricardo Amatucci
Sent:
Monday, September 16, 2002 2:46 PM
Subject: Re: Hi, nice to meet you at web !

Thanks for your email.
I'm still in New York tidying up after the start of Around Alone yesterday.
I don't know if you have seen that site?  aroundalone.com

RKJ

... também teve o encalhe do Endurance e Shackleton, na fase heróica dos homens corajosos do início do século XX... e tantas outras estórias, acabaram por instigar essa vontade.


Nesse meio tempo ia fazendo algumas artes...

O primeiro passo foi fazer um curso aqui mesmo por São Paulo, na Guarapiranga, em agosto de 2002. Depois, uma velejada pelo litoral, de Ubatuba à Ilhabela, com o tempo bem ruim (set./02). Quem nos iniciou nessas aventuras foi o Gustavo Barros. Hoje, eu considero muito importante que a primeira velejada seja orientada por uma pessoa bem paciente e compreensiva, além de competente. Isso passa a segurança e a alegria necessárias para os iniciantes. O Gustavo é assim... Depois que fiz o curso, levei minha esposa e meus filhos para aprenderem também. Ficamos então um tempo alugando veleiros nos fins de semana para praticar. Enquanto isso conhecíamos os vários projetos e barcos usados disponíveis e à venda. Velamares, Van de Stadts, Fasts, Brasílias, Atóis, Voyages, Marrecos, Caribes... entramos, velejamos e conhecemos muitos barcos. 
Mas e o nosso ?

A Escolha

Sempre li que a escolha do primeiro barco é uma novela complicada. Nosso caso não poderia ser diferente. Mas resolvi que isso seria bom, que iria curtir essa procura com calma, e que a construção da história do Tangata Manu, seria como um namoro antes do casamento: a parte que mais curtimos, sem os crivos racionais e com a liberdade dos adolescentes. Se nos apaixonássemos por cada barco em que pisássemos, ótimo. Se entrasse água ou se as velas precisassem de uma atenção maior, seria coisa de casado: depois damos um jeitinho... O único combinado foi que só compraríamos depois de namorar bastante, conhecer, velejar, o que nos daria base para um relacionamento mais maduro...

Teria que ser um veleiro que se adequasse ao nosso jeitão, às nossas necessidades e aos nossos planos futuros. Em meados de 2002, meu filho Victor tinha 16 anos e minha filha Helena ainda não completara dois... Queríamos velejar pelo litoral e fazer disso nosso passatempo de longo prazo. Não tínhamos tanto dinheiro assim. Conclusão: vamos economizando, alugando e conhecendo os barcos até chegarmos a um que nos fale ao coração, sem pressa. Quando acharmos, compramos, deixamos na represa até a Helena ter uma idade que permita certa autonomia no interior do veleiro. Como já acampamos, sabemos o que é ficar confinados por um ou dois dias de chuva num espaço pequeno, tendo que comer bolacha com refresco em pó pela falta de espaço até para cozinhar. Imagine isso com uma criança... Haja criatividade! Portanto o veleiro também teria que ter no mínimo 23 pés...

Com esses parâmetros, a opção de compra teve que ser de médio para longo prazo, e acabamos aprendendo também que comprar um barco com pressa é sinônimo de possíveis problemas. O importante foi adquirir conhecimentos, conhecer pessoas ligadas à vela (é incrível como se conhece pessoas quando se começa a velejar !) e ir ouvindo as estórias: acaba-se descobrindo que aquele barco "dando sopa" levou um raio pelo mastro, que o motor do outro tem uma "gambiarra", que a laminação do outro está fazendo água no determinado ponto, que o mesmo barco é colocado à venda por 5 pessoas diferentes, e você vai acabar pagando até mais de uma "comissão" se não ficar esperto... Mas afinal, conhecer barcos e conversar com outros velejadores também é uma atividade gostosa. Por isso ficamos assim por um tempo... Conhecemos um Van de Stadt (Sea Mini 21,45') de madeira, e cujo projeto é simplesmente lindo. O interior, apesar de seus menos de 22 pés, dá de 10 em muitos 23'... O proprietário, como não poderia deixar de ser, um apaixonado. 
O Jonny (Jonas). O veleiro se chama "Sagar"...


Jonny, do "Sagar"

continua...

Início | Contate | História | Veleiro | Onde ficamos? | Diário | Cozinha | Download | Safa Onça | Outros 27 | FotosFrasesLinks
"Onde está a minha verdade ?" Bernard Moitessier