Diário de Bordo
Leia aqui os comentários sobre o ano anterior

 


Papai e Helena nadando...

 

Carnaval 2007

16/02/2007
     Ilha da Cotia

Saímos da marina na sexta pela manhã, após o abastecimento de praxe: diesel, gelo e arrumação básica... Nosso destino: Ilha da Cotia. Nossa intenção era ficar por á enquanto houvesse poucos barcos, já que o feriado de carnaval prometia certo tumulto e queríamos sossego. De fato, ficamos até o dia seguinte com poucos barcos, aproveitando o dia entre mergulhos, ostras frescas e muita cerveja. De tarde as meninas fizeram um bolo de areia com palitinhos de velas e comemoraram meu aniversário. Cantamos parabéns, tiramos fotos e mergulhamos. Foi um aniversário diferente e muito divertido... 


A peruca de algas e as ostras...


Minha festa de aniversário com bolo de areia... 


 17/02/2007
     Saco Mamanguá

Pela manhã, após o café, subi o ferro e fomos explorar o Saco do Mamanguá que ainda não conhecíamos. Fomos até o fundo, onde a carta marca uma profundidade segura (ponta do bananal), onde ancoramos e fomos até uma praia do lado de BB onde encontramos sinais de cuidados, com uma pequena casa fechada. Procuramos alguém para pedir permissão para permanecer um pouco por lá, mas não achamos ninguém e acabamos ficando sem autorização mesmo. Só depois acabei sabendo que poderíamos ter subido o Rio Cairuçu de bote, onde se encontra uma trilha que vai para uma cachoeira e uma piscina natural... Anotado para aproxima...

 
                                                         A paz no Saco do Mamanguá...
 

18/02/2007
     Cajaíba

Novamente após o café, bem cedo, zarpamos para a Cajaíba, na praia Grande, onde o Rio Itaoca deságua proporcionando um lindo cenário e um local muito gostoso para se banhar na água doce. Dois pequenos bares fornecem comida, porções e bebidas. Uma caminhada de 15 minutos leva até um poço com uma cachoeira. Pela aparência das pedras pelo menos parte desse poço foi construído – seguindo informações de outro velejador, o nosso amigo Koka, irmãozinho de Aladin 30 – pelos escravos nos idos dos tempos dos Engenhos tão comuns em épocas passadas. Fomos todos juntos para a cachoeira. Passamos um dia muito agradável embora as escunas tivessem resolvido despejar um sem número de turistas o que emprestou um certo tom “carnavalesco” ao local...

Já no fim da tarde, olhei para o bote e notei que estava murcho demais. Ao verificar, notei que já era tarde: um rombo na parte frontal das bananas, de uns 15 cm, esvaziou rapidamente o bicho. Era o fim da linha. De motor de popa e sacolas com apetrechos para passar o dia, fui mendigando carona. Fui salvo pelo Maurício do Thalassa, um Delta 32, que foi extremamente gentil, deixando seu bote à minha disposição. Em uma viagem eu e a Diana levamos toda a tralha que foi devidamente acomodada no Tangata, incluindo o bote, àquela altura murcho como eu. 
Ainda ficamos um pouco na praia até o final do dia quando, ainda à bordo do “Thalassinha”, voltamos para o veleiro... Final do dia com um gostinho amargo, afinal o bote estava literalmente morto e enterrado. 
Só não o deixamos na praia por uma questão de consciência ecológica...  


Na Cajaíba, o rio que desagua na praia...

19/02/2007
      Ilha da Cotia

Pela manhã saímos para a Cotia novamente, pois sabíamos que outros veleiros conhecidos haviam combinado de ir pra lá naquele dia. Além disso era uma baía sossegada onde poderíamos contar com a natação e os “espaguetes” para ir até a praia sossegadamente. Lá ficamos entre idas e vindas para a praia, papo com novos amigos, até que pelo início da tarde chegaram alguns veleiros conhecidos, entre eles outro irmãozinho Aladin30, o “Bolero” do nosso amigo Santini. Também chegaram o “Quiel” e o “Arishu” e depois o "Pappi", o “Thalassa” e o “Tamuatoa”. No início da noite, um gostoso churrasco à bordo do Arishu, (com direito às sardelhas pescadas por mim e pela Helena), tudo regado a muita cerveja e um bom whiskynho...


Sheldão, Maurício e Ariel...                                                                          ... e a pescaria das sardinhas


Churrasco no Arishu...

20/02/2007
      Instalação do eco

No dia seguinte retornamos para a marina. Há pouca opção quando se fica sem bote e com uma criança de 6 anos à bordo. Além disso a previsão prometia uma frente fria para aquele dia, e as nuvens e o barômetro confirmaram a previsão. Claro que como toda boa previsão, falhou e o sol continuou com toda força até chegarmos em Sampa, mas isso não vou contar aqui... J
Já na marina, aproveitamos a praia particular e o resto do dia para instalar o novo ecobatímetro. Demos uma organizada “básica”, aquela voltinha pela cidade e no dia seguinte, com muita dor no coração, voltamos com calma e em trânsito para nossa casa, já pensando no novo bote...

04/02/2007

Novamente na represa para dar um trato no Carino. Também não saímos pois ameaçou chover e ainda faltam alguns detalhezinhos pro veleirinho ficar seguro: o estaiamento está com uma gambiarra na sua fixação junto ao casco e comprei os pinos e cupilhas originais para refazer a coisa decentemente. Também levei uma lona nova pra fazer uma capa maior pois a outra não estava dando conta de cobrir o veleiro... Carnaval vem aí...

10/02/2007

Como há tempos não íamos ao ASBAC, fomos lá dar uma geral no Carino (Boto 16) e aproveitamos para um churrasquinho no clube. O veleiro estava bem sujo e largado, coitadinho, por isso ficamos só na faxina, sem sair. Valeu o bate papo com os amigos e o churrasco...

 

Final de ano 2006/2007

28/12/2006

Fazia tempo que não saíamos, por causa basicamente do trabalho e da falta de tempo bom. Mas esse final de ano conseguimos uma brecha e lá fomos nós. Dessa vez consegui levar o Victor, meu filho mais velho. Arrumamos o veleiro, e dormimos à bordo na marina onde tivemos a desagradável surpresa de ter nosso plugue desligado de madrugada da tomada pelo veleiro ao lado – diga-se de passagem, alguns desorientados em permanência perene de verão, graças a Deus... Ninguém merece tanta babaquice...

29/1 2/2006

Família completa, saímos do Engenho sem saber ao certo onde iríamos. Os planos iniciais era Ilha Grande, mas o tempo ameaçava melar e não estávamos a fim de travessia com muito balanço pois meu filho não está muito habituado e... bem.. sabe como é. Iríamos em direção ao Cedro onde pernoitaríamos e na manhã seguinte, dependendo do que encontrássemos nessa ida, esticaríamos até  a Tapera. Na saída conversamos com o Cocó (Turuna) pelo rádio e com mais dois outros veleiros que estavam indo direto pra lá. Reavaliamos a situação e, com vento favorável e mar calmo, resolvemos ir direto. Velas em cima, geneaker e tudo. Até a metade. Depois uma chuva sem muito vento começou a deixar a coisa meio chatinha e como não estávamos lá pra sofrer, motor na parada... Chegamos no meio da tarde e procurei um lugar isolado para fundeio, sem chegar muito perto da praia, pois sabia que a tendência seria encher de veleiros, já que seria Reveillon. Como estamos sem eco, passei perto de dois veleiros e perguntei a profundidade para estimar o fundeio. Tomadas essas providências, joguei ferro a estimados 8 a 9 metros, largando 35 a 40 de corrente mais cabo..  


Ancoragerm na Tapera

30/12/2006

Dormimos tranqüilos e curtimos uma praia e o dia de sol na Tapera, onde dormimos também para no dia seguinte, passarmos nosso primeiro Reveillon à bordo (ano passado estávamos lá mas fomos até a cidade e ficamos na marina).

31/12/2006

Após uma manhã de sol e mormaço, o tempo começou a fechar. Lá pelas 15h, começou a entrar um Ne forte (depois outros veleiros constataram ventos de até 30 kn), e começou um festival de âncoras arrastadas. Contei 8. No caso mais grave um 45 pés de aço mais um outro (32?), prensaram um 22 pés. Tudo muito rápido e sem que pudéssemos fazer nada para ajudar. Meu motor de popa tinha sido retirado do bote para reabastecimento e continuava no suporte. Eu olhava pra um lado e tinha um veleiro arrastando. Pro outro lado, outro veleiro... Em pouco tempo tudo foi resolvido. Alguns comandantes mudaram seus barcos de lugar, outros refizeram seu fundeio e no final da tarde tudo já era conversa pelo VHF no canal 68...  

A festa foi animada no bar da Telma, com ceia de frutos do mar: camarões gigantes, polvo, risoto de frutos do mar e camarão frito à vontade... Da praia vimos os fogos e pulamos ondinhas – obrigatório. Espolcadas as champagnes, voltamos ao veleiro já com novo vento forte entrando. Resultado: noite às claras, no cockpit vendo a coisa toda. Alguns veleiros trocaram de lugar outros comandantes verificaram suas amarras... e assim clareou o dia 1 de janeiro de 2007. Nessa hora, 5:30h da manhã, desci para um merecido cochilo...

01/01/2007

O restante do dia foi dedicado às fofocas e discussões que o evento proporcionou, com cerveja, mormaço e praia, como se deve fazer. Dormimos mais tranquilos pois o vento encalmou até o dia seguinte...


Helena e Lívia brincam na areia

02/01/2007

Já cansados do mesmo lugar aproveitamos uma "carona" do Turuna que iria até o Pirata´s Mall (um shopping a beira mar com vagas para barcos) para irmos juntos. Na travessia para o continente o vento tornou a entrar forte. Rizamos no 1º, depois no 2º e finalmente recolhemos a mestra, indo somente com meia genoa, o que nos dava 5,5 nós. Apesar de dura, muito gostosa a travessia. É nessas horas que podemos ver como o veleiro se comporta e devo dizer que o Tangata Manu II comportou-se maravilhosamente bem. Isso dá mais cionfiança para as próximas saídas. O Pirata´s é exatamente isso: um shopping. Tem bastante apoio: supermercado, farmácia, fast food, restaurantes, internet de aluguel, gelo, combustível e muita... muita gente. A diferença entre um shopping center da sua cidade é que seu veículo não tem freio e a manobra é mais complicada .Some isso a um sem número de outras embarcações que se espremem no único canal com todas as 5 ou 6 vagas disponíveis sempre ocupadas e você tem o cenário que te dá vontade de sair de lá correndo assim que chega... Segundo o Cocó no dia-a-dia não é assim, sendo mais tranquilo e sempre com vagas... mas não sei se vou conferir, a menos que precise de algo da civilização...

Após o almoço saímos de lá em direção à Gipóia mas resolvemos pernoitar no fundo da baía, atrás da Cunhabebe Grande. Local lindo, com dois senões: a ilha é absolutamente cheia de lixo e o local é passagem das lanchas entre o Bracuhi e o Frade, o que chacoalha demais... mas passado o fim da tarde a coisa acalma até o meio da manhã do dia seguinte. Ficamos todo o dia 2 e também no dia 3, pois a chuva e o mal tempo baixou brabo por lá. Pescamos passeamos na praia e na ilha e combinamos de sair apenas no dia seguinte já que a previsão pega no Pirata´s era de melhora...

03/01/2007

De fato, com uma manhã ligeiramente melhor, saímos para o Cedro. No caminho aproveitamos para fazer uns exercícios práticos de navegação, usando a alidade e a carta. O GPS só foi usado para conferir as posições. Na chegada fomos saudados por um anorme bando de golfinhos - pelo menos 50 eu contei - para deleite dos filhos e da Diana. Ah, e meu também !!! A estadia até o dia seguinte foi tranquila e divertida. No intevlao da chuva saíamos para a praia, pescávamos, batíamos papo, jogávamos... Foi muito gostoso. Estávamos sós a não ser por barcos de pesca, que eram uns oito, e que reclamavam entre si pois um deles falou pelo VHF que havia camarão pela região, atraindo outros barcos inclusive de fora da área... Sobre esses pesqueiros, uma observação: é impressionante a quantidade de pequenos peixes que são mortos para que se pesque um pequena quantidade de camarões. As redes arrastam o fundo e trazem tudo pela frente e, como a malha é pequena, os filhotes de peixes vêm junto. Há quem diga que entre 30 a 40 quilos de peixes são mortos para cada quilo de camarão pescado... Não me admira que se pesque muito pouco na região... 


Diana pratica navegação estimada

04/01/2007

Na manhã seguinte partimos em direção à marina, pois queríamos voltar a São Paulo no sábado, fugindo do trânsito do domingo, e tínhamos algumas coisas para fazer e levar, como o bote e o motor de popa. O mar parecia uma bacia de água parada. Sequer mexia. Vento em pensar... Só entrou quando estávamos pela ilha do Mantimento, e, claro, na cara. Amarramos na vaga e começamos a faina da chegada, não sem antes dar um pulo na cidade para renovar nossos votos de gelo e cerveja de ano novo...


Victor e Helena no "lago"

Infelizmante esquecemos a máquina fotográfica no carro e acabamos por ficar apenas com essas quatro fotos tiradas com o celular... 
Depois que voltamos pro carro, pegamos a máquina no porta-luvas e a Helena aproveitou para praticar, e nós fizemos a maior bagunça no carro...

 

Feriado de 12 a 15/10/2006

O tempo estava "meia boca" mas a diversão foi muita. De cara, quarta pela manhã encontramos o Fernando Sheldon e esposa, Dani, e saímos com destino à Ilha da Cotia. Ficamos à contrabordo curtindo o dia. Lá encontramos com o veleiro "Bacanas" (Fast 365), do casal e Christian e Fernanda, que deram a volta ao mundo recentemente. A reunião à bordo do Tangata Manu rendeu muitas estórias, conversa, ostras frescas e cervejas... (Até a Helena comeu ostras !). 
Mais tarde o churrasco passou para o bordo do "Tamuatoa" (Veleiro do Sheldon) onde ficamos até anoitecer.


Dani, Fernanda, Christian, eu e Diana: ostras à bordo

Após o café da manhã da quinta, partimos para a praia do Engenho, onde almoçamos no restaurante lá localizado. Por sinal muito cheio com diversas escunas e embarcações. Após o almoço um passeio pela praia e um pequena exploração riacho acima, além de visitar rapidamente as ruínas do antigo Engenho de cana lá localizado. A vontade de dormir era grande e fomos tirar uma soneca geral combinando novamente com o Fernando e a Daniela um jantar à bordo do Tangata mais tarde, o que ficou À cargo das meninas. Eu e o Fernando ficamos com o pior trabalho que foi abrir as garrafas de vinho e bater papo...


As meninas na folga lá na cozinha...                        ...e a gente ralando no cokpit...

Na manhã de sábado após um espada levar minha melhor isca, fomos novamente à praia curtir o mormaço e apreciar as ruínas, desta vez mais longamente, localizando inclusive cacos de louça antigos e telhas próximos da região. Já próximo da hora do almoço encontramos Ricardo e Blanca do Sereníssimo e algum tempo depois o Sheldon e a Dani partiram para uma velejada e para a marina. Depois apareceu o Tarcísio (Polinésio) que estava levando um grupo que recém adquirira um catamarã de 42 pés. Fomos conhecer o veleirão e bater um papo com ele.
Nós ficamos por lá mais um tempo e ainda visitamos o Sérgio e família (à bordo do Nina - Brasília 27) onde também estava o Hugo, antigo proprietário do Nina. Depois chegou o Paulo Gorab com o seu "Sierra Delta", a quem eu conhecia apenas pela lista de discussão dos Brasílias e lá fomos nós para mais um bate papo. No final da tarde saímos em direção à marina, mas ainda deu tempo de encontrar o Coca do Veleiro "Vento", nosso irmão Aladin 30.


O possante motor de popa do Sérgio...


... e a cerveja à bordo do Nina...

Pelo 68 combinamos com o Sheldon, o Sérgio e o Paulo uma janta em Parati...

O domingo amanheceu lindo e com sol. Enquanto as meninas aproveitaram a praia particular da nossa marina fiquei dando um trato nas coisas e no veleiro para, mais tardem enfrentarmos a volta do feriadão e chegar em casa - 7 horas depois - felizes e com vontade de voltar...


Tangata ao longe e a farra da Helena...


"(...) Não há mais barulho nas moendas do engenho! ...A moenda quebrou, a civilização mudou virou mineral fluido 
diluído no doce azedo das lembranças (...) Entre as chibatas e as garapas, as rapaduras e as ditaduras do solo restou 
apenas o sonho de um mundo adocicado (...) próprio para lembranças, ecos e silêncios..." 
José Lins do Rêgo - Fogo Morto

Pesquisas Arqueológicas no Engenho

Durante nossa visita ao Engenho, procurei pela região qualquer tipo de artefatos ou resquícios da época. No entorno das ruínas encontrei alguns cacos de louça que nos contam um pouco da história do Brasil do século XIX. Eis um pouco do que pesquisei:

Após a abertura dos portos (1808), com a chegada da família real portuguesa, no início do século XIX, chegam ao Brasil as louças européias, primeiro as inglesas, depois as alemãs e francesas. O Brasil somente possuiu fornos para queima e vitrificação de porcelana em escala industrial a partir da década de 1920, por isso a louça encontrada em geral em sítios dessas épocas são européias. Eram produzidas em grande escala e baratas, o que ajudou a disseminá-las por todo o Brasil, do Rio Grande do Sul ao Nordeste.
A região de Parati possuiu no seu auge em 1863, 150 engenhos registrados. A partir de 1888, com a Lei Áurea, a produção dos engenhos que era baseada no trabalho escavo caiu de produção e os engenhos foram fechando. Nessa época (séc. XVIII e XIX), era comum que o lixo doméstico fosse enterrado ou simplesmente jogado nos arredores. Hoje, esses depósitos de lixo são ricas fontes de pesquisa para a arqueologia.

No caso do Engenho visitado (Engenho D'água), o lixo está localizado nos antigos leitos do rio que movia a roda. Esse engenho começou a funcionar em 1803 com o nome Fazenda Capela de Santa Luzia, em 1925 foi vendida ao Sr. Luiz Gonçalves que rebatizou a propriedade com nome Engenho D'Água pois o maquinário do engenho era movimentado por correntes de água desviadas de uma cachoeira até a roda. O engenho esteve ativo até 1953 quando seu proprietário faleceu. Esse  engenho ficou famoso por produzir a "laranjinha" pinga de flor de laranjeira que não era vendida, e apenas os presenteados com uma garrafa poderiam tomar.

Com essas informações confrontadas com pesquisas fotográficas de peças similares e com técnicas de elaboração das porcelanas através do tempo, constata-se que as peças encontradas provavelmente datem entre o final do século XVIII e a primeira metade do século XIX:


Shell-edged azul

Chamada "Shell-edged" (borda em forma de concha), foi muito popular no Brasil, apesar de importada. Apareciam principalmente em pratos. As cores originais eram azul e verde, ou ainda vermelhas, emboras essas duas últimas as mais raras. Os exemplares mais antigos eram melhor pintados, da borda para dentro. Nos mais recentes a pintura era feita lateralmente, acompanhando o formato do prato. A pintura ainda poderia ser reta (caso de fora para dentro) ou curvada. As características do fragmento achado aparecem nos pratos fabricados entre 1809 e 1831.

 


Creamware

Faiança fina branca, sem decoração, (tipo Creamware) de fabricação inglesa. Criada em 1762, era proveniente da queima em fornos de temperaturas mais altas, tendo como resultado uma louça mais amarelada e brilhante.

  

REFENO 2006 e TRAVESSIA NORONHA - JOÃO PESSOA

De 20/09 a 04/10/2006


Saúde !

Feriado de 7 de Setembro


Velejada gostosa de 5 kn

06/09/2006 - Quarta

Saímos de Sampa após o almoço sob uma frente fria que prometia estragar o feriadão. Nesses tempos de buraco na camada de ozônio e derretimento da calota polar, não há previsão que "previse" direito !!!
Chegamos com o céu encoberto após uma viagem com chuva e neblina. Dormimos sem saber o que faríamos, pois os planos eram ir para a Ilha Grande nos encontrar com outros barcos na Tapera (Enseada do Sítio do Forte). A primeira providencia foi recolocar e instalar o fogão. Ele havia sido retirado para uma limpeza e regulagem geral após constatarmos que estava num estado lastimável. Voltou lindo e funcionando, graças a um certo esforço de nossa parte, limpando caprichosamente o bichinho durante várias dias...


Nosso destino: Tapera na Ilha Grande

07/09/2006 - Quinta

O dia seguinte amanheceu com melhoras e pelo rádio contatamos outros veleiros que confirmaram a intenção de ir para a Ilha Grande, saindo de Parati por volta do meio dia. Nos aprontamos e saímos mais ou menos a essa hora. Após sairmos do abrigo da baía de Parati o mar desencontrado nos pegou, e ia piorando à medida que avançávamos. Pouco ou nenhum vento e muito mar picado. Lá íamos nós a 3.000 giros a 5kn (o normal em mar calmo é 6.0 / 6.2 kn...) pra Ilha Grande. Na saída da parte aberta, já entrando na sombra da IG o vento Ne entrou com tudo, encarneirando e vindo bem na cara. Àquela altura a Diana já estava um pouco mareada e nem cogitei em subir as velas, embora a vontade batesse forte. Queria ver o Tangata se comportando em uma situação desfavorável à vela... Vamos o mais rápido e diretamente possível, então. É mais seguro e relativamente confortável...
Nos acompanhavam o veleiro "Napoleão" com sua brava tripulação (Maurício e mulherada - esposa e filhas, diga-se..) e seu cunhado estreando o "The Black Pearl", um Delta 36 estalando (de novo...).
Entramos aliviados e como éramos uns dos os primeiros (o Miroca já estava por lá...), pegamos uma poita com a devida referência. Após a "geral" na bagunça fomos curtir a merecida cerveja e lula à dorê na praia (viva o motor do bote que funciona !) e voltamos para descansar... ou pelo menos era o que pensávamos...
Com uma rondada, o vento e consequente mar entravam a valer na pequena enseada, batendo o veleiro num caturro que durou exatamente o tempo da escuridão... ou seja, dormir, nem pensar... de meia em meia hora eu levantava pra dar uma olhada pra lá e pra cá. Cabos, outros veleiros, posição em relação a tudo, enfim, noite de cão... estaria mais tranquilo na âncora, afinal a gente sabe o que tem e como fez o fundeio...

08/09/2006 - Sexta

A sexta amanheceu tranquila e com sol. Embora cansados pela extenuante noite e viagem, curtimos a praia o dia todo. Muita batidinha, cerveja e almoço à bordo do "Turuna". 
Nessa hora, alguns veleiros que haviam combinado ir junto conosco mas decidiram - pelo mau tempo - ancorar na Iha do Cedro, chegavam por lá. Entre eles o Eduardo Schwery (veleiro Regwell) que, ao procurar um lugar para fundear acabou encalhando, e minutos depois do desencalhe, perdendo o pé de galinha numa ré, quando o cabo do bote enrolou-se no eixo...


A praia e o bar da Telma: cerveja e lula à dorê

Corremos em seu socorro e ajudamos no desencalhe, voltando para o macarrão no "Turuna".  
Logo depois, quando ele perdeu o pé de galinha, novamente fomos em seu auxílio levando o "Regwell" escoltado por dois botes para a poita gentilmente cedida pelo Webber (veleiro Acauã). 
"Almoçados", voltamos para curtir o final de tarde na praia até escurecer e esfriar, quando o interior do veleiro nos pareceu mais confortável. 
À noite, mais uma vez houve uma reunião no Miroca, bem animada e cehia de conversas sobre a navegação no Ne do Brasil (homens) e sabe lá Deus que mais, entre as mulheres... Claro tudo regado à muita cerveja e simpatia da anfitriã, "Tia Miroca"... Nessa noite dormimos melhor pois o mar e o vento acalmaram.

09/09/2006 - Sábado

O dia amanheceu bonito, mas o barômetro despencara e a previsão era de nova frente para o domingo. As nuvens não deixavam dúvidas e decidimos zarpar no sábado mesmo por volta da hora do almoço. O mar e o tempo estavam tranquilos e na pior das hipóteses a frente nos pegaria chegando em Parati, num SW pelo través, o que ajudava a chegar mais cedo...


As meninas se divertem na praia...


A volta: Ilha Grande ao fundo e velas em cima...

Além disso, chegar no domingo, descarregar o veleiro e pegar estrada de volta a Sampa em fim de feriadão não era coisa pra dar prazer. Chegando no sábado poderíamos curtir o final de tarde na marina e sair com calma e descansados no domingo...
Curtimos a manhã de praia e arrumamos o veleiro para a partida. Fizemos um lanchinho e zarpamos por volta do meio dia, deixando os outros veleiros na expectativa do churrasco que rolaria mais tarde...


... e o Capitão à sombra da genôa...

A volta foi muito tranquila com um mar bom e um vento melhor ainda. Velejamos por mais de hora e meia entre 4 e 5 nós numa orça folgada gostosa, com o piloto automático permitindo que relaxássemos e conversássemos bastante. Durante a pequena travesia tomamos um lanche e um susto também, quando um navio saiu em toda velocidade do canal balizado em direção ao mar aberto, manobrando em curva e cruzando a nossa frente. O problema é que não o tínhamos visto e quando ele apareceu foi um susto...


Eram três desses monstros no nosso caminho...

Refeitos, voltamos à rota (270º Mag) e velejamos até o vento diminuir e o mar crescer um pouco, já chegando na área abrigada da baía de Parati. 
Chegamos no motor e paramos para um relax numa praia próxima à marina, saindo ao entardecer para colocar o veleiro na vaga e jantar. Não sem um longo banho quente e doce... Antes de dormir eu e a Helena fizemos um passeio noturno de bote, e depois jogamos cartas e dados.


Trabalho duro na cana do leme...

10/09/2006 - Domingo

Amanhecemos com tranquilidade na vaga, onde um café da manhã nos iniciou na faina da volta. Arrumamos as tralhas, carregamos o carro e saímos por volta de 13:30h em direção à Sampa, enfrentando o tráfego da volta, que aliás não estava nada ruim... Nossa próxima aventura é a edição 2006 da Refeno... Tá chegando...

 

Encontro em Tarituba (de 20 a 24/07)

20/07/2006 - Quinta

Aproveitamos o restinho das férias escolares e saímos na quinta, assim poderíamos ir com calma e dormir no veleiro, saindo pela manhã de sexta. Afinal o churrasco era somente no sábado...
Após a chegada, arrumamos as coisas no veleiro, enchi o bote, coloquei gasolina no motor de popa (dessa vez vai!) e curtimos o final de tarde. Após um bom banho quente e a janta, fiz a rota no laptop e passei pro GPS (Obrigado mais uma vez, Cláudio e Fernandão !).

21/07/2006 - Sexta

  Pela manhã ainda conversei com amigos de marina que também iam ao churrasco, mais especificamente o Marco Antônio que havia conhecido na Escola Naval no RJ, e marcamos pernoitar no Cedro, local bonito abrigado e com praia. Não deu outra. O tempo estava maravilhoso (pra perfeição só faltou vento). Até o motor de popa funcionou na primeira puxada !!!
No caminho ainda vimos um golfinho solitário que tomava sol na barriga mansamente...
Ficamos lá entre a praia, cerveja, sol, pescaria e essas coisas que fazem a gente pensar porque a vida não é só isso...

Ao chegarmos já fomos recepcionados pelo pessoal do “Napoleão” (Fernanda, Maurício e família), que estavam à bordo de outro veleiro, um Delta 36 novinho em folha (o "The Black Pearl"), trazido desde RS para o cunhado do Maurício... Uma das filhas, Heloísa, logo foi ficando amiga da Helena e da Inara, esta última, cuja avó tem uma casinha no Cedro. As três se divertiram bastante...

Mais tarde chegou o “Miroca” (trawler do Caio e da Miriam), e todos fomos comer as esfihas da Miriam ao anoitecer. Uma recepção e tanto, carinhosa como sempre. Helena e Heloísa brincaram muito no interior do trawler (para cero desespero do Caio) inventando um esconde-esconde com os rádios. Funcionava assim. Uma batia cara, a outra se escondia. Depois a que se escondia dizia onde estava pelo rádio pra outra achar! 
Como é bom ser criança!

Mais à noite chegou o Sheldão (Fernando Sheldon) que, folgadamente ainda não havia trazido o Tamuatoa do Bracuhi, depois do encontro da ABVC... Parou a contrabordo e caiu de boca nas esfihas...

Fomos dormir contentes e cansados, afinal um dia "estressante" havia acabado...  


Pernoite no Cedro: tempo bom e muito sol...

 


Heloísa, Inara e Helena se divertiram muito...                   pareciam velhas amigas...

 

22/07/2006 - Sábado

A pescaria da manhã rendeu um bagrão, mas que pelo horário (estávamos saindo para Tarituba logo mais) foi devidamente fotografado e devolvido pra água. Deixei a Helena na praia onde havia feito as amigas novas e voltei ao veleiro pra curtir a preguiça.


Bagrão no anzol...

Mais tarde, já com medo de ficar sem lugar (afinal mais de 10 veleiros tinham combinado ir ao churrasco !) saímos em companhia do “The Black Pearl”. Deveriam ser umas 11:30h. Ao chegar, uns 30 a 40 minutos depois, nossa surpresa: os veleiros iam chegando e não paravam mais.
Ao final éramos 24 embarcações no churrasco...


  Estávamos em 24 embarcações no churrasco !

A praia ficou lotada de botinhos e a animação rolou até tarde. Nós saímos cedo para descansar. Tínhamos combinado com o Sheldon e esposa para ir até Tarituba de bote comer camarão. E lá fomos nós. Nossa primeira travessia (1,5 mn talvez...) no valente botinho reformado (bem mal reformado, aliás...). Os peixes iam pulando à proa dos botes e foi bem divertido chegar lá. Mais divertido ainda foi a volta, com a Helena dormindo desde a saída do bar. A Diana foi se equilibrando pra subir no bote e depois pra descer dele e subior à bordo do Tangata... Uma aventura e tanto... 


Nóis vamo invadir sua praia !!! (Já é!)

23/07/2006 - Domingo

Pela manhã, fomos de bote até uma prainha próxima onde achamos uma bica de água doce. Aproveitamos para um bom banho antes de iniciar a volta. Na praia do churrasco (Taritubinha), o “zelador” recolhia o lixo deixado pelo pessoal (dei uma ajuda a ele) e ainda não tinha soltado os cachorros que prendera no dia anterior para "facilitar" nosso churrasco...

Antes da nossa saída combinei com Fernando Sheldon de pararmos em algum lugar pra almoçar e dar uns mergulhos. Inicialmente o combinado foi a Ilha do Araújo, mas depois pelo rádio ele achou melhor pararmos em Jurumirim, pegando uma poita e sem maiore preocupação, afinal já estaríamos na "porta de casa” e ele, ao contrário de nós seguiria para São Paulo naquele mesmo dia. No caminho a Diana e a Helena já foram picando as cebolas e o bacon. Até tentamos velejar (e conseguimos uma meia hora!), mas o vento foi caindo e com 0,8 kn concluímos que se quiséssemos que o Sheldão nos deixasse algum macarrão, deveríamos ligar o vento de porão...


No caminho de volta as meninas já foram picando as cebolas...

Como o Fernando havia partido antes, ao chegarmos ele já estava na poita e paramos a contrabordo. Água gelada no mar, água quente no fogão. Molho à base de anchovas e vinho branco gelado. Em pouco tempo estávamos nos deleitando no Tamuatoa...

Final de férias, mas não de final de semana. Iríamos só na segunda...


Almoço à bordo do Tamuatoa com Sheldão e as meninas: fim de temporada com vinho branco e pasta ao aliche...

24/07/2006 - Segunda

Antes de sair aproveitamos para uma arrumação: tiramos o fogão para uma geral em Sampa (aproveitamos para limpar o nicho que estava nojento), fizemos a medição de uma nova capota, adocei o motor de popa, guardei o bote e pegamos a estrada para casa...

Semana de Vela de Ilhabela (de 08 a 16/07)

04/07/2006 - Terça 

Antes de ir para Ilhabela participar da 33ª Semana de Vela, programei-me para ir à Parati, pois precisava fazer a vistoria de transferência, coisa necessária no estado do RJ. Cheguei por volta da hora do almoço e depois de comer, tratei de trabalhar no veleiro, colocando as plaquetas de indicações de coletes, extintores e demais arrumações para o dia seguinte. Tirei algumas tralhas inúteis que voltaram para São Paulo, desobstrui alguns locais, reconferi as datas dos fogos, lanterna, Facho Holmes, etc.

Nessa tarde encontrei o casal Paul e Diane que havia conhecido na Ilha Grande, com seu veleiro Flame, em direção ao Ne. brasileiro. Batemos um papo e marcamos de nos encontrar na quinta à noite, após a vistoria, no Flame, para umas cervejas...

05/07/2006 - Quarta 

A quarta foi reservada para adesivar todo o veleiro. Comecei retirando e passando cera no local antigo, e depois, com o bote uma linha de pesca e uns pedaços de fita adesiva, fui colocando os adesivos. Primeiro na popa, depois proa e costado. Cada lancha que passava na baía balançava o bote e o afastava do costado, de maneira a me deixar desesperado... Quase 4 horas depois, o veleiro estava pronto. E eu quebrado e cansado... Mas nada que uma boa cerveja (quente pois estava sem gelo) e um cochilo não resolvesse... Ainda nessa tarde troquei uma dobradiça e reapertei algumas conexões em baixo da pia... Ainda sobrou tempo para visitar o alambique da cachaça Coqueiro que fica ali pertinho. 
Comprei uma garrafa para levar párea São Paulo... Pelo menos achei que levaria... 


O Tangata depois de adesivado: quase 4 horas de trabalho com o bote balançando...

06/07/2006 - Quinta

Pela manhã fui até o despachante náutico que cuidava (cuidava?) do trâmite para, com ele encontrar o responsável da marinha pela vistoria. Conforme marcado, às oito e meia em ponto estávamos lá no posto no Centro de Parati... para sermos comunicados que havia uma reunião, e que só uma hora depois é que seríamos atendidos... para meia hora depois (a esta altura o despachante já tinha ido cuidar da sua vida), sair o sargento e perguntar (pela segunda vez), se eu não poderia trazer a embarcação no pontão da cidade...

Explicada a questão do calado, levei-o e a seu atendente de ordens até o veleiro, onde a vistoria foi feita sem maiores problemas. Mostraram-se simpáticos e rápidos no seu trabalho, dando-me o protocolo tão esperado por mim...

Levei-os de volta e fui tomar uma gelada com pastel no centro de Parati...

À noite fui até o Veleiro Flame, levando um vinho que havia comprado para comemorar em solitário depois da vistoria. Lá chegando me avisaram que havia sido convidado para um jantar... Uau pensei, agora meu inglês vai ou racha! (E não é que foi?!). Um delicioso bate-papo, regado ao vinho verde português (antes foram algumas cervejas) e um bom Porto pra terminar. Aliás, foi quase uma garrafa de Porto... 
Àquela altura Paul não pronunciava mais a palavra “cachaça”. Só saía “caçaxa”...
A ressaca foi braba. Só não foi pior porque ao encontrar o Paul ele me confessou: "estou com dor de cabeça, e você? Acho que bebemos muito Porto ontem...". 
Não, foi a azeitoninha, pensei. Mas não quis explicar. Meu inglês também estava de ressaca...


O simpático casal Paul e Diane no jantar do Flame

07/07/2006 - Sexta

Pela manhã saí com o carro, não sem antes levar de presente a garrafa de “Caçaxa Coqueiro” que ele me prometeu beberia quando chegasse na Bahia, depois de ligar pra mim...

A viagem para ilhabela levou o mesmo tempo que a viagem da Diana desde São Paulo, tamanha a quantidade de lombadas e barbeiros pela estrada. Nos encontramos na balsa e nos instalamos na casa em que ficaríamos, de um amigo do Carlinhos, meu cunhado que mora no Chile e veio com a esposa e filhos para passar a semana conosco. 
Depois de ligar e marcar com o Jean as coordenadas para a primeira regata do dia seguinte, fomos dar uma passeada na vila e voltamos para umas cervejas com batidinha de côco, jantar, bate papo...

08/07/2006 - Sábado

Encontramo-nos pela manhã na “Maison Laborde” para a saída da Alcatrazes por Be, regata de abertura da Semana de Vela. Após uma arrumação básica de provisões, água e gelo, a tripulação: Jean, Fabio, João, eu, Zé Ruy e Elias, o caseiro do Jean, estávamos prontos para a largada... quero dizer, quase prontos.
Por uma questão organizacional acabamos por perder a largada, achando que eram três diferentes, e ficamos olhando os veleiros se afastarem por uns dez minutos até percebermos que além de nós, não restava mais ninguém por lá... Devo confessar que peguei as instruções de regata nas mãos, mas pensei comigo mesmo “O Jean deve ter lido ou o Zé Ruy também...” e coloquei de volta no lugar. Lição aprendida. Apesar de cada um ter sua função - instrução importante dada e exigida a todo momento pelo Comandante Laborde, acho que a equipe deve estar inteirada das regras exatamente para essas horas... Não ir à proa quando você não é o proeiro, é uma coisa. Não ler atentamente as instruções de regata, é outra...

A regata começou sem muito vento, o que durou até quase a chegada a Alcatrazes, quando então as rajadas entraram forte.

Algumas horas, algumas mareadas e vários bordos depois, brigávamos para chegar o quanto antes. Zé Ruy já estava verde. Elias, empalideceu. Eu apliquei a técnica do "se não tem nada pra fazer vai deitar" e deu certo. Eu particularmente tive um momento de "jaca-no-teto-de-kombi", ao cair, de costas, do cockpit ao chão da cabine, não sem antes bater diversas partes do corpo em diversas partes do barco... 
Levantei, constatei que nada havia quebrado e vamo-que-vamo... A fila tem que andar... 

Soubemos depois de veleiros com balão e geneakers rasgados nas porrancadas de Alcatrazes, além de uma perda de mastro. No nosso caso, o comando do veleiro foi cirurgico na questão da folga das velas. Aos berros Jean comandava as folgas das velas suficientemente bem para que nada acontecesse com o Devaneio. 
Ao final conseguimos um honroso décimo segundo lugar, com o tempo de 28h42min09s, pouco tempo atrás do décimo primeiro...

09/07/2006 - Domingo

Como chegamos tarde, tiramos uma soneca até amanhecer. Logo pela manhã o poiteiro nos pegou no veleiro e fomos para casa. 
Após um cafezinho, praia... Eu tinha pouco tempo pra curtir as crianças e a Diana, pois velejaria a semana toda. Curtimos bastante, e acabamos por voltar pra casa, cedo para voltar à vila à tarde... Picolés, cafezinho no Ponto das Letras, etc... Acabamos a noite com pizza, levadas pra casa após umas comprinhas no supermercado.


A juria: trabalho duro a semana toda...

10/07/2006 - Segunda

    Dia oficial de folga para a tripulação. Com chuva e tudo, o que restou foi tomar cerveja, dormir e descansar bastante da primeira regata, que foi bastante cansativa, apesar de divertida.

 
As crianças curtiram as praias, os passeios e se esbaldaram neste inverno de 30 graus...

11/07/2006 -  Terça 

Como na terça também não temos regata e a chuva foi-se embora, aproveitamos para fazer um passeio com o Jean à bordo do Devaneio, levando mas meninas e meus cunhados. Fomos ver as largadas das barla-sota do lado das canas.


As meninas curtem o Devaneio...

À tarde, praia, mais descanso, cerveja, sorvete, aquela coisa chata de quem está de férias curtindo a semana de vela em Ilhabela...


Todos curtiram o passeio à bordo do Devaneio...

12/07/2006 - Quarta


Largada da barla-sota na terça feira...

Regata “Volta a ilha”. Tripulação formada pelo Leonardo, sobrinho do poiteiro do Devaneio, Elias, o caseiro do Jean, Jean, Zé Ruy e eu. João Campos e o Fábio haviam voltado a São Paulo para trabalhar. Partimos – desta vez no bolo – da ponta das canas em direção sul, passando pelo Jabaquara. Logo nesse início um catamarã que havia passado por nós em altíssima velocidade, desmastreou, pedindo socorro pelo rádio, com pelo menos um ferido a bordo. A coisa estava pegando...

Naquela altura eu já havia sido promovido a “sub-comandante Marcos” numa referência do Jean ao guerrilheiro do “Exército Zapatista de Libertação Nacional”, no México, só porque ameaçava a toda hora cortar o ovo da tripulação. Explico: o ovo alimento. A brincadeira começou, pois supostamente resolvi assumir o posto de segundo no comando. Também supostamente estávamos submetidos a uma ditadura e nessa situação achei que a alimentação dos trabalhadores seria – na melhor das hipóteses - arroz com ovo.

Isso se as bobagens não fossem muitas, caso contrário eu cortaria o ovo... o arroz...  
Alguns não conseguiram nem lamber os pratos... 


Aguardando a largada...

Fomos bem até o lado oposto, já guinando para Be. para a estirada final, quando o vento – sempre ele – acabou em bom estilo calmaria da tarde... Tínhamos até meia noite para passar pela linha de chegada na sela. Ficamos boiando até quase 21h, quando entrou uma brisa que logo se transformou em vento forte, permitindo nossa chegada às 22h num belo sétimo lugar...

Desta vez havíamos combinado deixar o bote na poita, de maneira a voltar pra casa na mesma noite, o que foi feito após uma ligeira arrumação no valente Devaneio...

13/07/2006 - Quinta

Já pela manhã, a mesma tripulação do dia anterior - pouco tempo depois de ter esticado as carcaças nas respectivas camas - lá estávamos nós a bordo e prontos (ou quase!) para a primeira barla-sota. A bóia foi colocada numa distância de 2,5 mn no canal, erro fatal que não se repetiria nas regatas seguintes, já que o vento resolveu tirar folga... Fizemos uma largada espetacular à sotavento, mas já na primeira perna estando na direção de São Sebastião, encalhamos ligeiramente, perdendo de vez toda vantagem conquistada no início. Balança pra cá, camba pra lá, e “voilá”, em menos de dez minutos estávamos de volta à briga numa regata de recuperação. Infelizmente o vento parou de vez e, um a um, os veleiros foram desistindo e retornando no motor. Fomos um dos últimos, quase 4 horas depois da largada, andando pra trás e mal completando a primeira bóia...

14/07/2006 -  Sexta 

Valentes devaneios...

Da esquerda para direita: Jean (na roda), Zé Ruy (sentado)
Fábio, Elias e João Campos (com o cabo na mão...)

Dia da segunda barla-sota. Desta vez a regata foi fora da ilha, após as canas e tinha vento. A tripulação recebeu o reforço (reforço?) do João Campos e do Fábio que voltaram para as regatas finais. No meio da segunda perna estava eu sentado um pouco à ré do mastro, auxiliando a proa quando o Jean berra lá do comando: Jaibe! Pulei pra trás meio sentado de maneira a não ficar no caminho da genoa, mas o tempo entre o grito e a manobra foi muito pequeno e a escota enganchou no meu pé. Achei que haviam visto, mas qual. Só escutava a catraca lá atrás: créque-créque, e meu pé subindo e ficando meio roxinho coitadinho... Graças a Deus ouviram e folgaram de maneira a retirar meu pé que a esta altura já passava de 1,20m de altura...
OK, esta não foi a única dos 6 patetas. Mou, Larry e Curly e seus seguidores ainda aprontariam... Haveria ainda a estória da "múmia-geneaker", quando num outro jaibe o Leonardo ficaria enrolado no estai de proa pela vela, o que aliás, deu mais trabalho pra desenrolar do que meu pé...
Fim do dia com um belo churrasco no Jean, com direito a um whiskynho que eu levei especialmente para essa ocasião, e demais concessões aos heróis. Afinal, apesar dos pesares tínhamos conseguido nosso melhor resultado: quinto lugar!

15/07/2006 - Sábado

No sábado foi o dia da terceira barla-sota, nossa última regata da semana de vela. Combinamos caprichar, pois não queríamos um lugar de desonra na colocação geral, principalmente após tantas trapalhadas. 
Nossa largada foi bem ruim nessa vez, mas a performance dos outros competidores na regata não nos deixou assim tão mal. Nosso problema real foi a adriça da genoa que soltou o nó e acabamos por perder tempo precioso baixando a vela do trilho (nessa hora os garrunchos seriam mais eficientes...) e colocando outra adriça. Apesar de eu estar na proa (ainda no cargo de sub-comandante Marcos) e ainda me esquivando dos bordos e jaibes para não ter o pé içado mais uma vez, fui convocado pelo comandante-em-chefe para cuidar do tornozelo do Elias que torcera feio em uma manobra. 
Desci e não vi quando o balão não subiu, fazendo-nos perder tempo no vento de popa. Lá em baixo, na galé, fiz gelo e enfaixei o tornozelo, colocando-o com o pé para cima  de maneira a desinchar... Creio que o resultado foi bom pois o entorse tinha sido razoável e no final da tarde quando saímos do veleiro ele já estava quase normal em termos de inchaço. Já a dor...
Ainda assim, com as baixas no equipamento e na equipe conseguimos o décimo lugar do dia. À tarde, corremos ansiosos para o Iate Clube, tomar cerveja e esperar pelo resultado final. Ficamos em oitavo na geral da Classe Bico de Proa em que concorrêramos. 
Nada mal para uma tripulação que não se conhecia e que variou nos dias de regata!


 Escola Naval, sempre presente...

16/07/2006 - Domingo

Após arrumarmos a casa e carregarmos o carro, passamos na casa do Jean para as despedidas. Ele não estava, pois tinha ido com o Fábio a bordo do Devaneio para uma arrumação geral. Entretanto vimos Dominique, a quem agradecemos mais uma vez pela hospitalidade. 
Saímos em direção à fila da balsa, pois meu cunhado tinha vôo marcado naquela tarde para Santiago... Até a próxima!!!

 

de 09 a 18/06/2006 (Corpus Cristhi)  - A estréia do Tangata II


                                                       Enseada do Sítio do Forte: o vento nos levaria...

09/06/2006 - Sexta

    Chegamos à Marina do Engenho no final da tarde, e tratamos de descarregar o carro que literalmente estava com os amortecedores no batente, tal o peso da tralha. Uma semana antes já arrumávamos as coisas com medo de esquecer alguma coisa, pois foi nossa primeira ida ao Tangata, depois da compra nossos planos eram de ficar dez dias cruzeirando pela Baia da Ilha Grande, participando do Encontro da ABVC. Desde ferramentas até as roupas, bote reformado, remo, motor de popa, cerveja, vinho, água, etc., coisinhas e coisonas foram devidamente socadas em qualquer cantinho que coubesse algo. Após descarregarmos e dar uma arrumadela geral dormimos cansados pela estrada e pelo trabalho...

10/06/2006 - Sábado


Amanhece à bordo

    Logo cedo percebemos que não poderíamos sair para um cruzeiro de 9 ou 10 dias sem uma geral mais atenta no veleiro. Usamos o dia para dar um trato e providenciar coisas que íamos descobrindo estarem precisando de reparos, como o registro de gás que estava pifado, comprar superbonder, colocar uns fechos de armário, lâmpada de alcançado que estava queimada e a que eu levei não cabia no soquete, e aproveitamos para dar uma volta no centro histórico de Parati enquanto fomos comprar e providenciar essas coisinhas. Comemos um pastel ao lado da feirinha onde arrumamos o registro do gás. No pontão dos saveiros havia um homem tomando cerveja com seu pássaro preto em uma cadeira. A Helena não resistiu e foi vê-lo. Quando o homem percebeu foi logo colocando o pássaro no dedo dela, para encanto de todos... 
Depois disso foi a nossa vez de sentarmos para uma cerveja e um papinho antes de voltarmos para a instalação do registro, colocação da lâmpada que não servia no soquete...
A noite caiu, jantamos, tomamos um vinho...

11/06/2006 - Domingo

    Na manhã, com tudo pronto, estávamos ansiosos para zarpar. Na hora de sair, percebemos que a maré havia baixado mais que o previsto na tábua. Logo depois  encontramos o Sérgio e a esposa (do Veleiro Nina), que conhecemos do Asbac e que estava à procura de uma outra marina para deixar seu veleiro. Batemos um papo rápido e infelizmente não sobrou tempo para convidá-los a entrar, pois queríamos sair logo para aproveitar o dia. Saímos lambendo o lodo do fundo, e não sem dar uma ligeira raspadinha na poita, devido à curva muito fechada logo na saída, somada à baixa maré...
Zarpamos Na direção da Ilha do Cedro. Não havia vento e por isso fomos de motor. Bem que tentamos içar as velas mais de uma vez, mas sem chance. Batia e não saía do lugar...


Nossa ancoragem no Cedro

    Ao chegar, jogamos ferro na baía e fomos até a praia. O motor de popa – ignóbil peça da engenharia – pra variar não funcionou nem a pau... fomos no remo. Aliás, no único remo que levamos, pois além de acharmos que não o usaríamos a não ser em emergência (afinal tínhamos um motor de popa novo!), ainda não cabia outro no carro... Fizemos a janta comemos com gosto e dormimos com alguns pescadores fazendo seu trabalho.


A prainha e os pescadores

  12/06/2006 - Segunda

    O dia seguinte amanheceu já com nuvens e fomos ate a praia para a Helena se divertir um pouco. Lá pelas 11h e pouco começou a fechar o tempo e voltamos para o barco, na horinha antes e chover. O resto do dia e da noite choveu. Choveu. Choveu pra cacete... Na verdade essa era a previsão. O dia inteiro de chuva. No dia seguinte melhoraria... Brincamos, dormimos, comemos, bebemos, ficamos observando os pescadores em seu trabalho, as aves pescando, enfim, fizemos o que se pode fazer dentro de um veleiro com chuva...Até tentei pescar com a Helena, mas não tivemos muito sucesso. Veio a noite e dormimos com o doce balanço das marolas e o rumor da chuva.

13/06/2006 - Terça


Amanhece no Cedro

    Amanheceu limpo e arrumamos as tralhas. Saímos em direção a Gipóia, mais uma vez no motor, pois não havia vento novamente. Já contornando a Gipóia para nosso destino na Praia da Fazenda entrou um ventão SE levantando pequenas ondas com cristas brancas e conseguimos afinal içar as velas e estrear o Tangata – dignamente - com 7.2 kn. 


Ilhas Botinas no través

    Mas com esse ventão no través de BB, achamos que a ancoragem não seria segura o suficiente para nosso sossego e desistimos da ancoragem. Resolvemos (na verdade o vento resolveu por nós) seguir para a Ilha Grande e procurar abrigo.


No caminho para a Gipóia ainda sem vento...

    Depois que entramos na sombra da ilha, já encalmados e motorando novamente, pedi que a Diana pegasse o Guia do Ceccon pra dar uma olhada no que dizia das enseadas do lado norte da Ilha Grande. Decidi ir para a Enseada do Sítio do Forte (Ubatubinha) para conhecer e pernoitar. Não podia ter sido escolha mais perfeita. 


Ancorados, com a antiga fábrica de sardinhas ao fundo

    Chegamos e pegamos uma poita (não sem antes perguntar pelo proprietário e pela segurança e conservação da mesma). Como era dia de jogo do Brasil e no Guia dizia que “o lado leste é um agitado ponto de encontro de velejadores e na ponta oeste há uma antiga fábrica de sardinhas transformada em restaurante”, logo pensei que fosse fácil achar pelo menos uma TV ligada... 

A fábrica-restaurante revelou-se uma ruína. Há muito tempo não se tam nada por lá, a não ser resquícios da velha arquitetura já deteriorada pela decoração do antigo restaurante. Só restam cacos de vidro e cocô de cavalo pelo chão, embora a visão do prédio ao longe, iluminado pelo pôr-do-sol ainda empreste ao ambiente um ar retrô... 


A turma: Paul, Diane, eu, Diana e Grego

Quanto ao “agitado ponto de encontro”, talvez no verão. Em pleno dia de semana de inverno, além de nós, apenas alguns (outros) malucos como o Heloísio e sua lanchona, o casal Shirley e Gregório (o Grego) do veleiro Rapa Nui e depois que o jogo estava terminando, Lelé, o dono do bar, dos cavalos (aqueles do cocô da fábrica...), dos marrecos (sim, marrecos na água salgada...), dos coelhos...


Helena e seus amigos bichos: gansos na água salgada...

O simpático Heloísio estava começando um churrasquinho e logo o Gregório e ele nos convidaram a permanecer. Em pouco tempo ainda chegou um casal de Australianos que está dando a volta ao mundo, Diane e Paul, num sloop de 45 pés e 9 toneladas ultramoderno e... cheio de cerveja. 


O veleirão de Paul e Diane e o Rapa Nui do Gregório ao fundo 

Pronto! Quem disse que aquele não era o animado ponto de encontro de velejadores?  Com uma TV 12 polegadas do Heloísio (colorida e 12v !!!) fizemos a festa. 


A pequena e animada torcida bebemora a vitória da seleção...            ...bem, nem todos...

Acho que só os gansos do Lelé estavam totalmente sóbrios no final do jogo.

  14/06/2006 - Quarta


Amanhece no Sítio do Forte

De manha, a Diana se animou para uma faxina geral enquanto a Helena alimentava os seus novos amigos gansos. Eu já de olho na peixarada que acompanhava os gansos esperando pelos restos de pão não deixei por menos e tratei de pescar a janta. Seis peixes ao todo, limpos, salgados e gelados para mais tarde. A Helena estava louca para ir para praia. Às 11 e pouco fomos para a praia e a Helena passou o resto do dia por lá. Durante o dia ela literalmente salvou 49 estrelas do mar. Pegava do raso onde encalhariam na maré baixa e levou para mais fundo. 


Salvando 49 estrelas...                                                                                      ...e exausta horas depois...

    O Heloísio – qua havia saído cedo para pegar esposa e filha - voltou com a Eloísa, sua filha de 8 anos e a esposa. As duas meninas brincaram o resto da tarde. Depois “acharam” um coelho nos fundos do bar do Lelé (ele cria o coelho também...) e deram cenoura pro bichinho. O coelho, claro, arranhou àquelas que ousaram pegá-lo no colo. Voltamos para o barco para jantar os peixinhos fritinhos no azeite, temperados com shoyu e alho torrado. Claro, com cerveja gelada... Êita vida dura...

15/06/2006 - Quinta

    Pela manhã fui à praia com a Helena para aproveitar mais um pouquinho o tempo que ficaríamos por lá. A Diana ficou no barco para dar um trato deixando as coisas organizadas e safas para a saída. Saímos as 10:30h e lá pelas 12h chegamos à Ilha de Paquetá onde jogamos ferro ao lado do barco do Paul (Flame), que havia saído logo cedo para pegar um amigo na Pirata´s Mall e foi também para lá. Logo fomos para a praia e pedimos uma porção de camarões (enormes e deliciosos), que foram acompanhados de cerveja. Como fundeei muito próximo ao veleiro do Paul, pois a pequena enseada estava lotada, tive que pegar o bote e voltar para o veleiro, para poder sair do lugar e fundear mais para fora. Nesse vai e vem Paul me convidou para subir a bordo e pude constatar a beleza e modernidade de seu veleiro... Saímos lá pelas 15:30h em direção ao Bracuhi para o encontro da ABVC aonde chegamos quarenta minutos depois. Após atracarmos em nossa vaga já pré-estabelecida com ajuda dos funcionários da marina, logo saímos para começar os gostosos bate-papos, cervejas e participar da programação do evento.


Nosso presidente, flagrado em árdua tarefa...

    Já às 18:30h foi a abertura e um coquetel para deleite dos mais de 240 participantes. Uma festa que foi até altas horas da madrugada para os mais animados. 
Nós fomos dormir cedo, pois além da Helena, também estávamos cansados e queríamos aproveitar bem o dia seguinte...

16/06/2006 - Sexta

    Logo cedo o Cláudio Renaud (Catavento) veio até o veleiro para me ajudar a conectar o GPS ao Lap Top e fazer ler as cartas náuticas. Pouco tempo depois e graças a ele já tinha o sistema funcionando maravilhosamente bem, o que me proporcionaria bastante rapidez na derrota da volta. Em seguida fui verificar o porque de uma tomada 12v não estar funcionando e descobri que o “+” não chegava, apesar de ter um fio direto da bateria só pra ele. Dessa vez foi o Capitão Torres que me cedeu um pedaço de fio com o qual pude fazer uma ponte diretamente do painel e fazer funcionar a tomada. Estreei meu soldador a gás que funcionou maravilhosamente. A essa altura já era hora de cerveja e palestra, não necessariamente nessa ordem. Confesso que relutei em comparecer para ouvir “Proteção Solar. Sua importância para o velejador”, mas depois de ter estado por lá achei que realmente foi uma boa palestra, pois reforçou em mim essa necessidade, além de trazer alguns conhecimentos que não tinha. Depois, muita conversa, muita cerveja e bate-papo. Que bom estar entre velejadores !
À tarde uma palestra de manutenção de motores de popa e à noite, Aleixo Belov nos brindou com suas voltas ao mundo, que foi seguido de um coquetel e... mais cerveja. Mais papo... Mais amigos...

17/06/2006 - Sábado

     Pela manhã olhei torto para os robalinhos que ficavam me provocando no pier. Lá é proibido pescar, além da água ser bem suja com muito óleo. Pena que os mesmos que usam o mar não cuidam tanto assim dele... Em todo caso, poderia soltar o robalinho depois de fisgado. Claro desde que tivesse conseguido pegá-lo. Não estava animado para a palestra da Eneida Ceccon sobre "culinária à bordo". Queria a culinária ao vivo. Mas fazer o que. A geladeira com as cervejas 0-800 (as do patrocinador, gratuitas e geladas) estavam nos freezeres lá perto da palestra. Além disso, a patroa queria ver a palestra e não ficava bem largá-la por um punhado de peixes... pelo menos quando eles não queriam saber de nenhum tipo de isca...  


Palestra sobre culinária


Diana no Paratii 2  do Amyr

    Durante o evento, uma das programações era a monitoria para as crianças. Em todos os horários de palestras, havia uma animada turma que levou as crianças para diversas atividades: passeio de barco pelo canal, pelas ruínas, caça ao tesouro, desenhos, pinturas, enfim, uma programação nota 10 que permitia aos pais curtir em sossego a programação!


A meninada também teve sua programação !

    Mais tarde houve um inesperado churrasco onde os velejadores e famílias reuniram-se para tirar a barriga da miséria, regada é claro pela patrocinadora “Itaipava” com as geladas que qualquer vagabundo merece...


Churrascada surpresa reuniu os amigos...

 Entre uma degustação de cachaça, uma visita ao brechó e expositores e outras atividades, curtimos o início da tarde antes da palestra do Márcio Dottori, que com seu Carapitanga (um Aladin 30!) foi e voltou para a África do Sul! 


Hélio Mótorô, Márcio Dottori e Fernando Sheldão

Ainda nessa tarde pude conhecer pessoalmente João Sobra e comprar uns quadrinhos do Tarcísio (que mora com sua esposa Gelcy e seu filho Pedro à bordo do Catamarã “Polinésio”, para decorar o interior do Tangata. Encomendamos uma pintura do próprio Tangata e combinamos de nos encontrar com eles em Parati, em breve para pegar a encomenda...


Tarcísio e seus quadrinhos

Entre essa e a próxima palestra (Amyr), encontramos tempo para nos deliciar com o palmito assado no Francês. Pra variar, show de bola. 


Jantar de encerramento: massas e música

    Após a palestra, um delicioso jantar de massas com música ao vivo (pelo casal Susy e Vitor do veleiro Simbad II) e já aquele sentimento de saudades, pois na manhã seguinte partiríamos.


Helena e Lívia se divertiram...


Nestor, Virgínia e Rafaela, no colo da Helena

A esta altura já chovia e um rabo de frente fria nos deixava apreensivos com a volta...

18/06/2006 – Domingo

Dia de jogo da seleção, nublado e dia de voltar pra casa. Tomamos nosso café, arrumamos as coisas e partimos sem muita demora. Antes, ao trocar a ponta da extensão elétrica (do tipo steck, mas no Bracuhi eles usam a azul grande normalmente 220 também no 110...) recebi a visita do Lobato que me ajudou a trocar os plugs. Aproximadamente 9:30h estávamos saindo do canal do Bracuhi, e dando a saída pelo rádio, quando aproveitei para agradecer a acolhida e a atenção que recebemos em nossa breve estadia. Á saída da Baia da Ribeira, entraram as primeiras vagas variando de 1 a 1,5 metros pelos meus cálculos. A Diana acabou mareando um pouco, mas logo deitou com a Helena em seu colo. Algumas horas depois entrávamos na baía de Parati e ouvindo pelo rádio a chegada do Kalua (o B&B 35 meu antigo veleiro) com meus amigos Daniel, Ralf e Paula, e também o Cocó, esposa e filha no Turuna, um classe Brasil reformado por ele...
Atracamos na marina do Engenho e enquanto tomávamos nossa última gelada da temporada, arrumamos as coisas (agora bem menos pois a maioria dos trambolhos ficaria à bordo), enquanto também assistíamos à vitória do Brasil em nossa pequena TV preto e branco...


Chegada à Parati

Carta aos meus amigos Velejadores

 

"Caros amigos,

 

            Em meu ser, o sentimento maior sempre predomina através do tempo e não consigo – nem quero – me indispor com quem quer que seja. Não por falta de me colocar ou não tomar um determinado partido, mas porque procuro compreender as fraquezeas da alma e perdoar sempre. Em meu próprio caso, compreender minhas próprias fraquezas e crescer. Às vezes atravessamos espinheiros e arranhões são inevitáveis, mas cicatrizam. Têm cicatrizado. Mais rápido que podemos imaginar na hora que o sangue escorre. Sempre me pergunto: isso vai ser importante daqui há 10 anos? Então porque é importante agora? Às vezes, porém, esses cortes são mais profundos e deixam alguma cicatriz maior. Eu as tenho também. Mas, hoje, passado o tempo e senhor de todos os destinos, uma cicatriz é apenas uma experiência aprendida que mostro a meus filhos para que saibam – se repetirem os mesmos erros simplesmente porque devem aprender – que dói e deixa marcas. Só isso. Um erro não pode ser o caminho para um poço sem fim. E não o será se conseguirmos simplesmente tampá-lo. Deve prevalecer a alegria de poder ter convivido com amigos velhos, amigos novos, amigos de internet mas agora com rostos, filhos, sorrisos e estórias. Com cervejas e cachaças. São as cicatrizes doces que a separação rasgou em nossos corações quando largamos o cais no domingo, cheios de esperaça e ansiosos pelo próximo porto.

            Conheci velejadores que deram a volta ao mundo, outros que fizeram a costa do Brasil. Alguns que escreveram livros ou que saíram em revistas ou que vi na televisão, outros que eu havia conhecido na Refeno ou na Guarapiranga ou em Parati, no Bracuhi ou na vida afora. Alguns famosos, outros anônimos.Mas também conheci velejadores de sonhos, que ainda não têm seus veleiros e portanto navegam só pelas páginas dos livros que os outros escreveram, pelas imagens de seus olhos ansiosos ou nas lembranças das velejadas em veleiros de amigos. Todos, mais experientes ou menos escolados, com ou sem seus veleiros, rodados ou iniciantes – como eu minha esposa e filha – cidadãos desse mundão judiado e munidos da certeza que cada proa de cada veleiro poderá rasgar esses oceanos trazendo essas alegrias a cada um de nós.

            O que difere a todos nós, os que deram a volta ao mundo, os que fizeram a costa, os que velejam nas represas, ou os que ainda só sonham em ter um veleiro? Quais os parâmetros que temos para julgar, enfrentar, cercear, vetar, discriminar ou apenas discordar uns dos outros? Penso que somos todos absolutamente iguais e valemos o que pudermos levar para um leito de hospital no fim da vida, para o caixão, ou além túmulo. Ou seja, valemos na medida exata da nossa capacidade de amar, perdoar, conviver com tolerância e olhar para nossa estória e dizer: nada fiz que desabonasse minha conduta nessa porra dessa vidinha medíocre que levei. Se velejo, escalo, corro, jogo futebol ou apenas vejo televisão, nada disso me faz diferente do resto da humanidade... Meu veleiro apodrecerá sabe Deus em que mãos ou pátio ou fundo de que mar, meus feitos serão esquecidos, meus inimigos tomarão seus rumos mas – e somente lá – deverei permanecer nas lembranças dos que me amam. Por isso quero tê-los mais que tudo nessa vida. Meus amigos e meus amores. Quando eu me for quero deixar a meus filhos e netos exemplos de conduta que os farão bons homens sobre essa terra, então mais judiada ainda pelos que por ela andaram sem a grandeza do amor e da compreensão. Por isso busco o melhor, em mim e em cada um. Ninguém é totalmente bom ou totalmente ruim. Depende de nossos olhos ressaltar o que queremos enxergar no outro ou abrir mão de nossos orgulhos mundanos e rasteiros em cada manhã.

            Todos perdemos quando falta um abraço na face da terra, pois somos parte – ainda que ínfima – da humanidade. Se eu brigo, o mundo piora. Se eu estender minha mão, a humanidade ficará melhor, ainda que só um pouquinho pois sou parte dela. Ainda que pequenininho. Sou parte importante dela porque tenho o poder de mudá-la esse pouquinho.

            Ao contrário, em minha vida, descasei, briguei com parentes e meu orgulho só me trouxe desamor e infelicidade, que nasceram no meu próprio peito, atravessaram minhas células uma a uma contaminando meus dias, meus filhos, minha esposa, meus amigos e minha vida. A pequenez da minha existência em alguns momentos da minha vida com certeza diminuiu a capacidade de meus inimigos de me perdoarem.

            E isso é culpa absolutamente minha e só eu posso mudar isso. Claro, só se eu quiser...

            Obrigado aos que me têm carinho e àqueles que me aturam. E mesmo aos que não vão muito com minha cara. Eu preciso de cada um de vocês como referência do que sou e do que quero ser...

            Amor e paz ".

 

Ricardo Amatucci - Veleiro Tangata Manu

São Paulo, 20 de junho de 2006

 

20/05/2006


Em busca do Tangata II e seus equipamentos...

O final de semana foi reservado a continuação das negociações e transação de compra do veleiro em Parati. Fomos até a marina Porto Imperial para ver o veleiro na água, sair, motorar e levantar velas. Como parte do equipamento estava na casa do proprietário na Ilha do Araújo, fomos com o veleiro pra lá e aproveitamos para conhecê-lo melhor. 
Após um rápido bate papo, iniciamos o retorno, pois nossa tripulante mirim, Dona Helena mostrava sinais de fome, afinal passavam de 2 da tarde ! Após a chegada fomos almoçar com o Eduardo (Cocó) e família, num boteco providencial que tem um PF muito bom e baratíssimo. Mais uma descoberta em Parati !


Orquídea de chão, comum na região...

Já com a tarde caindo e esfriando, despedimo-nos e voltamos à pousada para uma pequena e particular comemoração, banho quente e cama, pois no dia seguinte ainda precisávamos procurar e decidir a marina e o marinheiro que cuidaria de nosso novo Tangata Manu.
Depois do café, fomos de uma por uma às várias marinas que ficam por lá, verificando preços, condições, banheiros, pontões, etc. 
No final, nos decidimos pela Marina do Engenho, com melhor preço em relação ao que oferece, além de um cenário maravilhoso e uma localização privilegiada, na entrada da baía das marinas.
Banheiros individuais, grandes, espaçosos e limpos, estacionamento perto do pontão, pontos de água e luz para o veleiro, local para guarda de motor de popa e bote protegido e fora do veleiro sem custos adicionais, máquina de lavar e secar roupas. O lugar do veleiro é abrigado pelo pontão maior e fica mais para dentro da baía, o que minimiza o balanço para se dormir - certamente um luxo que não nos faria desconsiderar da marina, mas já que veio "grátis"...
E tudo isso cercado por um lindo visual de palmeiras, uma casa de Engenho colonial e uma pequena praia calma e limpa, ao contrário das outras marinas já bem poluídas pelo óleo dos motores...

Depois de tudo só nos restou ir embora com aquele gostinho de "quero mais"...


Lá está ele, nos esperando !

10/05/2006

FINALMENTE O TANGATA MANU II

Após um certo tempo de indecisão e busca, parimos o novo Tangata Manu...
Depois que vendemos o Velamar 27, começamos a pensar qual seria nosso próximo passo. 
A dúvida - e primeiro pensamento - estava entre um veleiro na faixa de 33 a 36 pés, mas usado.
Ou um menor e mais novo. Nessa busca descobrimos o projeto do Aladin 30, do Cabinho, e fomos visitar o estaleiro da Barracuda Nautica, do Claudinho, que fica em Sampa.
Saímos muito impressionados, tanto pela construção quanto pelo lindo projeto: uma boca quase igual ao Brasília 32, com um pé direito alto, muito bem iluminado, graças às janelas que fazem toda a volta do salão principal...
Mas a dúvida persistia e agora com mais alguns pormenores: maior, mais velho e na hora, ou novo, novinho em folha, mas daqui há 12 ou 18 meses...
Nessa lenga-lenga, fui conversando com donos de Aladins para obter referências, até que "tropecei" em um anuncio dos classificados da BL3 (numa terça-feira), que olhava todos os dias a fim de não perder uma boa oportunidade. De fato, era uma delas. Um proprietário que estava colocando seu veleiro recém terminado à venda após um cruzeiro pela Bahia de Todos os Santos. 
Alí estava nossa solução. Mais barato, pronto e muitíssimo bem conservado. 
Fui até Parati para ver e conversar com o dono e algumas horas mais tarde, no mesmo dia, quinta-feira, já estava em casa abrindo um champagne com a Almiranta !

 

30/04/2006


Pasquale, esposa e Diana no pontão                      ... e as meninas no fim do dia

Final de semana prolongado, devido ao feriado de 1º de maio. Não viajamos e optamos por ir ao Clube dar um trato no Carino. A Diana queria pintá-lo por dentro. Aproveitamos para um churrasquinho com os amigos. Como a maioria tinha pernoitado por lá, a maioria dos presentes participaram afzendo a coisa bem gostosa. 


Quase sem vento, mas muito gostoso...

À tarde, saímos com o Tangata Manu, convidados pelo Dudu, numa velejada gostosa, embora de pouco vento. Chegamos até a Ilha dos Eucaliptos e voltamos devido ao pouco vento... Acabamos chegando já ao anoitecer, num fim de tarde muito gostoso, com direito a um lindo pôr-do-sol...


Notem a disposição do Ricardão...                              ... e da Helena...

 

24/04/2006

Feriado de Tiradentes. Ano Tangata Manu IV inaugurado. Na vela !


Diana e Helena curtem a praia do Viana...                                  e o veleirão...

Em preparação à Semana de Vela de Ilhabela - 2006, fomos até a casa de Jean Baptiste Laborde, em cujo veleiro (Velamar 38) competiremos. Apresentado pelo João Campos, havíamos marcado um final de semana para que a tripulação se conhecesse e criasse alguma intimidade. No final, só eu pude ir. Foi um feriado muito agradável e cheio de surpresas boas.
Em primeiro lugar fomos muito bem recebidos por Jean e sua esposa, Dominique. Como eles haviam chegado na sexta um pouco tarde, resolvemos sair somente no sábado, já que as nossas respectivas esposas e a Helena também iriam. Mas uma frente fria que se deslocava rapidamente fez da sexta ensolarada um sábado cheio de nuvens e chuva, o que nos fez trocar a velejada por um churrasco e um peixe assado na churrasqueira, "dans la maison Laborde"...

 
Intrerior confortável e bem conservado do veleiro

Cervejas à parte, a conversa foi bastante interessante. Descobri que meu mais novo amigo de vela é um legítimo representante da escola Franco-Bretã, onde ainda mora sua família. E que conhecera pessoalmente Moitessier, Alain Colas, Tabarly... 
Para um dia chuvoso despretencioso, foi uma bela conversa...


Ponta das canas no contravento...                              ... e a baia da Caraguá, já voltando de popa....

No dia seguinte, já domingo, o céu amanheceu limpo e o sol forte, o que nos fez retomar os planos. Saímos por volta das 10:30h para uma boa velejada de umas 5,5 milhas e o belo Velemar 38 chegou aos 7,7 nós no contravento – diga-se de passagem - sem muito vento. Após regressarmos por volta das 15h, arrumarmos o veleiro e nos despedirmos, só nos restava voltar a São Paulo, com um gostinho de “quero mais”... No caminho ainda pudemos ver o Aysso, da família Shürmann apoitado na sub-sede do Yacht Clube de Santos, e o belo (e lendário) “Atrevida”...


    Aysso...                                                                                          ... e o Atrevida...

 

 

Diário de Bordo Ano IV - Abertura

    O diário do terceiro ano foi um diário cheio de conquistas: mais uma semana de Vela de Ilhabela, venda do Tangata Manu (meu querido Velamar 27), entrada numa parceria com amigos num B&B35 - que acabou não durando muito, mas onde passei um dos melhores reveillons da minha vida.  Foi ano de Refeno, um velho sonho (veja relato). Também organizei um curso de mergulho autônomo com um grupo de amigos para poder mergulhar lá em Noronha durante a Refeno, enfim, muitas atividades. 
    E consegui, pelo menos em grande parte, o que havia colocado como meta: "...este ano a prioridade será velejar no mar e conhecer diversos projetos que ainda não conheço: Peterson, Arpége, Cabo Horn, Multichine... e aprender o que puder, inclusive com cursos e regatas oceânicas. Isso vai me ajudar na futura escolha do próximo veleiro...". 
    Ainda não nos decidimos qual vai ser o "próximo veleiro", mas de uma coisa temos certeza: deverá ser o definitivo, ou seja, aquele que não vamos querer trocar tão cedo...


Helena no veleiro do Gobbi...                              ...e Diana com a Marina (filha do Gobbi)


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"O tempo não pode ser usado como desestímulo. O tempo é sinônimo de amadurecimento, simplesmente 
uma maneira de nos preparar melhor..."  Marcio Dottori - Aventura no Atlântico Sul