Imagine a primeira
regata de volta ao mundo sem escalas e em solitário em 1968. Veleiros sem a
tecnologia de hoje, onde a posição se calculava como sextante, os cabos eram
de cisal e os mastros de madeira ou ferro e o GPS e a internet não existiam. Os
patrocínios eram raros e as verbas minguadas. A documentação era à base de
filme de 16mm e máquinas fotográficas com filmes que precisavam ser revelados.
Agora imagine um competidor que tendo largado e ficado parado longe da costa
tentando fraudar a regata, ao se dar conta que sua tentativa tinha dado errado,
suicida-se no mar deixando pistas no seu diário de bordo. Ou um outro
competidor que resolveu desistir da regata e – estando em primeiro lugar –
continua mais “meia volta ao mundo”, deixando dinheiro, troféu e prestígio
de lado por um ideal de vida... Esses foram os ingredientes da primeira regata
de volta ao mundo em solitário, cuja largada aconteceu em 14 de junho de 1968,
quando o Jornal Sunday Times promoveu a chamada “Golden Globe”.
Nove velejadores
disputaram a regata, que foi vencida por Sir William Robert Pat
"Robin" Knox-Johnston e seu “Suhaili” que chegou em 22 de abril de
1969 (sua viagem está descrita em seu livro “Um mundo só meu”).
O
veleiro Suhaili em 1968
Knox:
69 anos ainda pelo mundo
O francês Bernard Moitessier, outro competidor, cumpriu o trajeto
no seu veleiro vermelho “Joshua, resolveu continuar em frente, fixando residência
no Tahiti e lá tentando implantar uma nova filosofia de vida até sua morte...
As razões estão explicadas (será?) em seu livro “O longo Caminho”. Seu
veleiro está hoje reformado após um encalhe em 1982 quando Moitessier voltava
de São Francisco (EUA) para Papetee e levava ninguém menos que o ator Klaus
Kinsky à bordo... Hoje é propriedade de uma associação: “Joshua” ainda
veleja!
Joshua hoje
Já o navegador solitário que enlouquece
e suicida-se em alto mar foi Donald
O
Teignmouth quando foi encontrado
Em Caiman Brac
Mas o final trágico desta empreitada ainda teve outro suicídio: O
oficial da Marinha Nigel Tetley que disputou a regata no “Victress”, outro
trimarã, enforcou-se em 1972, depois de fracassadas tentativas de editar seu
livro
e conseguir novos patrocínios.
O livro que narra a
aventura dos nove velejadores é “Uma Viagem para Loucos” de Peter Nichols,
da Editora Objetiva, ainda à venda.
Para viajar no assunto:
http://www.robinknox-johnston.co.uk
http://www.rudas.at/Crowhurst.htm
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