Escrito originalmente para a seção "Colunas" do site da Revista Náutica, me foi solicitada a mudança para que o artigo fosse publicado na revista. O original foi re-editado pela Editoria e acabou ficando curto e ruim na publicação. Abaixo, o original na última versão que escrevi.

Nosso pior pesadelo

“A proa do barco foi jogada de volta pra trás e o veleiro passou a capotar junto com a onda que nos levava de arrasto... Eu não vi mais nada além de um turbilhão de espuma. E lembro que me agarrei na retranca pensando em não cair fora do barco...” (Wlademir Juliano Treis)

“O golpe da onda me jogou para dentro da cabine. Senti o barco capotar duas vezes, quando de repente ele parou. Eu estava mergulhando dentro do barco. Quando estiquei meu braço numa nova tentativa de encontrar uma saída, senti a mão do Juliano que me puxou para uma bolha de ar que se formou no cockpit...” (Denise de Almeida)

“A noite estava muito escura, de repente sofremos um forte impacto. Fui projetado para dentro da cabine, o barco adernou violentamente para BE, uma grande onda inundou o interior do veleiro, seguidamente adernou para o lado contrário, e novamente uma grande onda voltou a entrar no barco. Tudo no interior do veleiro voava de um lado para o outro, no escuro. Os armários se quebraram, nossas roupas boiavam na água, era um caos total. Tínhamos acabado de bater em um container, flutuando perdido no mar.” (Geraldo Ormerod)

“O céu parece que vai desabar sobre nossas cabeças. A chuva cai forte, ondas frias e enormes engolem o convés. É difícil enxergar alguma coisa... as luzes desaparecendo na água... duas pessoas em um bote salva-vidas. Em poucos minutos, nosso lar pelos últimos nove anos afundou deixando somente a ponta do mastro à mostra. Agora, havíamos perdido tudo o que juntamos na vida.” (Vera Sanada)

“A adrenalina sobe incontrolável quando o bicho volta a tona, é uma falsa sensação de trunfo, porque na verdade, é aí que começa o trabalho para valer...”. (Carlos Estevez)

Ninguém pode saber o que passou pela cabeça de um comandante que teve realizado seu pior pesadelo: o naufrágio de sua preciosa e querida embarcação. Claro, a não ser a palavra do próprio comandante, o que se tem até então são apenas comentários, suposições, julgamentos, e uma porção de informações desencontradas que todos os amantes do mar querem avidamente absorver. Seja por mera curiosidade ou tentando aprender alguma coisa com o erro dos outros – a mais barata das escolas – todos queremos detalhes, motivos, localização, fotografias e muitos, muitos e-mails...

Em momentos delicados como este, é comum observar pessoas colocando em prática a parte mais potente e persuasiva de sua alma: o dedo indicador apontando as causas, e dando as soluções que, quase unânime e invariavelmente, são as falhas imperdoáveis do comandante.

Mas onde se buscam culpados em geral não se acham soluções, e foi atrás de outras perspectivas e tentando deixar preconceitos à parte, que relatamos algumas estórias de naufrágios, mais ou menos dramáticas, e que podem nos dar uma outra visão daquele que foi o protagonista do terror de todos os sonhos: a pessoa que perdeu sua embarcação por conta de um acidente.

De Slocum e seu “Aquidneck" naufragado em Paranaguá, a Bernard Moitessier cujo “Joshua” foi jogado à praia por um ciclone a oito de dezembro de 1982 e posteriormente restaurado pelo Museu Marítimo La Rochelle, passando por Thor Heyerdahl e sua balsa Kon-Tiki que naufragou ao chegar no Tahiti, muitas são as estórias mais ou menos famosas, de pessoas que perderam seus veleiros. E você, como será que reagiria numa situação dessas? Será que está preparado para isso?

O velejador uruguaio Pablo Valls, de 37 anos, zarpou com destino ao Brasil em 7 de janeiro de 2003. Sua viagem incluía uma parada ainda no Uruguai e depois seguiria direto ao Brasil, para o Rio Grande, de onde partiria para Angra e dali para a Europa. Pablo jamais chegou ao Brasil.

Entre os dias 9 e 10 de janeiro daquele ano, seu veleiro naufragou em condições que até hoje não estão totalmente esclarecidas pelas autoridades marítimas uruguaias.

Dois meses após sua partida, e muito tempo após seu último contato, um veleiro argentino avistou uma vela içada ao tope num mastro que surgia dois metros acima da linha d’água. Era o veleiro “Mariana I” de Pablo Valls.

O “Mariana I” era um projeto Van de Stadt de 28 pés e tinha passado por uma reforma completa antes do início da viagem e estava bem equipado, com motor de centro e um de popa, além dos equipamentos básicos para quem vai fazer uma travessia: leme de vento, placa solar, vhf portátil, entre outros.

Atingido no costado de bombordo por outra embarcação, um rombo de 1,2m a partir de um desenho simétrico e no formato exato de uma âncora, não deixou dúvidas sobre o motivo do naufrágio.

Após a perícia realizada pelas autoridades uruguaias, foram constatadas as estranhas circunstâncias do acidente que Pablo Valls sofreu. Seu pai, Christian Valls suspeita de um ato pirataria: “A quatro anos do naufrágio, a vida de meu filho transformou-se junto com seu belo veleiro num deplorável arquivo esquecido num depósito do “Arquivo de Causas Penais do Uruguay. Na baia de Santa Lúcia (local do acidente) não há o mínimo controle nem a presença das autoridades marítimas. Piratas convivem com pescadores honestos, disfarçando-se entre eles”, disse Christian em entrevista para esta matéria. Segundo ele, os relatos de pirataria na região são muitos, e completa “as autoridades não querem investigar. Arquivaram por falta de provas”, alega.

Com pouco vento, a genoa e o leme de vento recolhidos, a mestra em cima e motorando, Pablo seguia em seu rumo. As luzes de navegação estavam apagadas e as dos instrumentos acesas indicando que o horário da fatalidade seria o amanhecer ou anoitecer. A enorme quantidade de água que entrava pelo rombo não permitiu que as bombas de porão dessem vazão, apesar de terem sido ligadas, pois foram encontradas dessa maneira. Enquanto isso, nos derradeiros dez minutos que antecederam o naufrágio, Pablo recorreu ao VHF (ligado na potência e volume máximos) para pedir socorro e ainda tentou, sem sucesso, estancar a entrada de água amarrando o bote no cunho de boreste. Seu corpo até hoje não foi encontrado.

Após a partida, com a falta de notícias, o pai preparou-se para o pior. Quando recebeu o aviso de um amigo de Pablo que o veleiro havia sido avistado, porém, seu pai recobrou as esperanças, já que seu filho era professor de educação física e exímio nadador. “Procurei-o por todo o país: hospitais, hospícios, albergues, igrejas... espalhei suas fotos por todos os lugares, fui entrevistado por televisões, rádios e jornais”. Atualmente ele ainda busca a verdade sobre o desaparecimento de seu filho: “enquanto Deus permitir, não cruzarei os braços”, concluiu em nossa conversa.

Em 17 de maio de 2004, o casal Valéria e Geraldo Ormerod foram os protagonistas de uma dessas estórias. No caminho de St. Maartin, no Caribe, para a Flórida (EUA), durante uma noite escura abalroaram o que julgaram ser um contêiner flutuante.

Durante a travessia, Geraldo permanecia sentado à entrada da cabine e como forte impacto caiu para dentro da cabine do veleiro. O que se seguiu no primeiro momento foi caos, desespero e desorientação. Duas grandes ondas inundaram a cabine, enquanto armários se soltavam e deixavam flutuando todo o seu conteúdo, enquanto o veleiro adernava de um lado para outro. E pior, tudo no escuro e com Valéria no interior, que estava descansando de seu turno. Acordada como impacto e a confusão, ela gritou em desespero. A experiência e calma do comandante então falou mais alto e, metodicamente fez um levantamento das avarias, constatando que a embarcação não fazia água. Posteriormente Geraldo escreveria: “...o interior do veleiro estava todo destruído, os mantimentos espalhados, garrafas quebradas, os armários se quebraram, nossas roupas boiavam na água, era um caos total, avaliei a situação, vi a proa semidestruída e o convés aberto na junção com o costado, o enrolador de genoa quebrado, dois estais de bombordo soltos, mas o barco não estava fazendo água, a água do interior era proveniente das ondas que tinham embarcado...”. Enquanto isso, orientada por ele, a esposa e tripulante - a esta altura já mais calma - pedia socorro pelo rádio. “Transferi o estai volante de popa para o bombordo, garantindo assim que o mastro não quebrasse e caísse, o que seria um problema maior. Pedi a Valéria para se controlar, não poderíamos entrar em pânico, aos poucos fomos conseguindo manter a calma, eu estava muito apreensivo, mas ao mesmo tempo raciocinando e tomando decisões, o que nos permitiu tomar todas as providências cabíveis e necessárias nesta hora”.

Atendidos pela US Cost Guard, que os acompanhou, a princípio pelo rádio e posteriormente com sua embarcação, conseguiram chegar em terra para tentar obter o seguro, uma outra estória complicada que viveriam antes de efetivamente conseguí-lo...

Segundo o oceanógrafo Dr. Curtis Ebbesmeyer, cerca de dez mil contêineres caem de navios todos os anos...

O ano de 2004 ainda teria em suas estatísticas mais um triste relato. No dia 14 de Agosto, na saída de Vitória (ES), proximidades da Ilha do Frade, às 06:45h uma onda inesperada transformou as vidas do casal Wlademir Juliano Treis e Denise de Almeida, levando seu O'Day 23 “Conquista” e parte de seus sonhos para o fundo do mar. O veleiro que durante mais de três anos serviu de casa para Juliano e Denise, saiu de Blumenau em direção a Manaus, levando o “Projeto Água Viva” onde desenvolviam a conscientização de crianças e adultos sobre a importância e necessidade da preservação da água com palestras e teatro. Dias antes, Juliano escrevia em seu diário de bordo: “Já estamos em Vitória há quase um mês. Denise foi para o sul e voltou com uma boa câmera digital para podermos rechear o site com fotos da viagem. Ótimo! Estamos indo para Abrolhos e teremos muito que registrar...”.

Na saída de Vitória, entretanto, foram surpreendidos por uma onda que acertou em cheio a proa do veleiro, ainda dentro da baía. Colhidos pela onda, o barco foi jogado pra trás e passou a rolar capotando algumas vezes. Em poucos segundos o “Conquista” encheu-se de água e foi ao fundo... Nas palavras de Juliano, “perdemos nosso mundo, praticamente a razão de nossa existência...”. O casal voltou nadando apenas com a roupa do corpo. “Perdemos praticamente tudo. O nosso querido “Conquista”, documentos, roupas, equipamentos, livros, discos, fotos, o nosso documentário e tantas outras coisas. Tudo foi levado pela água. A água nos levou tudo, mas poupou nossas vidas. Sabemos que o acidente poderia ter sido evitado. Não naquele momento, mas se tivéssemos esperado uma oportunidade melhor para sair do porto”, diria Juliano um ano mais tarde.

Segundo o próprio comandante, foram cometidos pelo menos dois graves erros: primeiro, não tinham um perfeito conhecimento das peculiaridades do local onde aconteceu o acidente (A baía do Espírito Santo possui um fundo irregular que, de um lado ao outro modifica seu relevo de 10m a 3,5m na maré baixa, provocando grandes ondas). E o segundo, o excesso de confiança (ou desinformação ou ainda descaso?), deixando a gaiúta principal aberta.

A previsão do tempo para o dia 16 de janeiro de 2005 pelo CPTEC, o Centro Previsão Tempo e Estudos Climáticos, alertava para um aviso de tempo severo, com uma área de baixa pressão que, combinada com calor e umidade provocariam chuvas fortes com possíveis tempestades no litoral de sudeste. Aliando-se a esse panorama, uma frente fria subiu a costa de Santa Catarina. No meio dessa confusão estava o veleiro “Kassiana”, um “Paturi 28”. Seu comandante havia subido a costa desde São Francisco do Sul até o Rio de Janeiro, a bordo de seu Ranger 22, “Aladiah I” especialmente preparado para essa viagem. Na volta, ainda no Guarujá, decidiu trocar o 22 pés por um veleiro maior. Foi quando adquiriu o “Kassiana” e equipou-o para a viagem de volta.

Dia 15 de janeiro de 2005, um sábado, saiu do Clube Internacional de Regatas em Santos, aproximadamente às 05:00h em direção a São Francisco do Sul, sozinho. Já no domingo, quando estava na região de Cananéia, na altura da Juréia, litoral sul de São Paulo, Cláudio acabou enfrentando o encontro dos dois sistemas na forma de três grandes tempestades, com duração aproximada de uma hora. “O motor não conseguiu vencer o vento e as ondas e os fuzis do estaiamento de BB não agüentaram e arrebentaram” contou Cláudio. Com o mastro prestes a quebrar, o “Kassiana” foi jogado na praia.

2005 não foi um ano melhor para Vera e Yuri Sanada, moradores por nove anos no “Clach Na Sula” um veleiro clássico de dois mastros. No início de julho, saíram para da Marina Bracuhy em direção a Ilhabela, trajeto que já haviam feito muitas vezes. Após a Joatinga, próximo a Laranjeiras, uma sucessão de avarias causou o naufrágio do veleiro: o principal problema deu-se na bolina que não funcionou perfeitamente, ficando presa e não abaixando, limitando a capacidade de manobra da embarcação. Em seguida, a genoa rompeu-se, soltando a escota que enrolou no eixo do motor que, em seguida também se rompeu. O veleiro, sem condições de manobra, viu-se à mercê das ondas e das rajadas de uma forte frente fria que passava pela região. Havia pouco a fazer naquele momento e minutos depois o “Clach Na Sula” afundaria quinze metros até permanecer no fundo levando com ele equipamentos, ilha de edição, filmadoras, câmeras fotográficas, e tudo o que uma casa pode ter...  Meses depois Vera contaria: “Parei por um segundo, olhei para tudo, pensei em salvar algo mais, talvez algumas roupas caras, instrumentos eletrônicos e valiosos ou objetos raros. Mas escutei meu marido (Yuri) dizer que não valia a pena arriscar a vida daquela maneira. Com voz firme, ele me mandou entrar no bote e remou rapidamente para longe do veleiro”.

Apesar disso, no dia seguinte o casal cumpria integralmente toda a programação da Semana de Vela de Ilhabela daquele ano, com três palestras por dia, todos os dias da semana...

Recentemente, no início do mês de março, o “Lord Jim”, um belo veleiro que tem em seu currículo quatro voltas ao mundo, colidiu com a “Laje dos Meros” em Parati. Saindo para o Caribe numa manhã de quinta-feira, seu comandante deparou-se com um pesqueiro que fez sinais com as mãos, alertando para a existência da laje na direção em que ia o veleiro. Mas o comandante interpretou os sinais como um pedido de desvio de rota... Com um calado de aproximadamente 3,5m sua quilha atingiu a laje a uma velocidade de aproximadamente 6 kn abrindo os calafetos. Com o peso da quilha a situação piorou e a embarcação acabou naufragando em menos de vinte minutos.

Com a habilidade e sangue frio de quem conhece o mar, o comandante ainda teve o expediente de levar o veleiro – mesmo indo à pique – para perto da Ilha dos Meros, já prevendo a facilidade do resgate posterior, o que veio a se mostrar extremamente eficiente mais tarde nos trabalhos de salvamento da embarcação. Após alguns mergulhos para retirada do material que fosse possível ser recuperado, a equipe da “Zé Mar Estaleiros” de Angra foi contatada para realizar o procedimento de flutuação, trazendo o veleiro à superfície. Segundo Luis Pizão, responsável pela “Marina do Engenho” onde Lord Jim permaneceu algum tempo antes do acidente e que colaborou no resgate, “...dos males o menor. Ao ser retirado da água o dono constatou que o madeiramento estava completamente condenado antes do acidente. Ele mesmo (o comandante) disse que não chegaria no Caribe naquele estado”. Atualmente o “Lord Jim” está sendo reformado em um estaleiro na região de Angra.

Menos triste e com menos prejuízo, entretanto, foi a experiência vivida pelo velejador Carlos Estevez, associado número 15 e um dos fundadores da ABVC. Atualmente vivendo em Santa Catarina e velejando em seu veleiro clássico, ele relembra sua estória do primeiro encalhe, como conseguiu safar-se.

Em 1983, Carlos conseguiu comprar seu primeiro barco. De pesca, maltratado, mas realização de um sonho de juventude: seu próprio barco. “Feito de madeira sólida era muito pesado para os seus oito metros de comprimento. Sem convés, de fundo chato e com quilha corrida, era uma embarcação pouco apropriada para velejar. Talvez sua principal e única virtude fosse ser acessível para os magros cofres do jovem impetuoso e inexperiente que eu era nos idos dos anos 80”, lembra. Um dia, em Bombinhas, ele resolveu ir de barco para o mercado da cidade, deixando o veleiro ancorado próximo à arrebentação e quando voltou já encontrou um grupo de pessoas, lideradas por um homem que comandava a turma, retirando água e desemborcando a embarcação, a esta altura, cheia de água e areia na praia: “Havia um quê de autoridade na atitude do homem no comando. Ele falava pouco, dava ordens claras, simples e precisas, e as pessoas pareciam aceitar de bom grau aquela liderança... Depois de levar seu veleiro novamente ao mar e ancorar com um ferro de reserva que guardava no paiol da popa, desta vez em local mais seguro, e antes de começar a enfadonha tarefa de acabar de esgotar o barco para iniciar a demorada recuperação, nadei até a praia para encontrar aquele homem, que no meu conceito passara rapidamente de maluco a herói, salvador do meu barco. Ele revelou ser um capitão de ultramar de férias...”.

Para Carlos, que iniciara sua vida profissional na marinha mercante apenas três anos antes, aquelas lições foram como um presente do acaso: “eu, um garoto do interior, entusiasta navegador de água doce, mais teórico do que prático, aprendi várias outras coisas com o evento, embora o mais importante foi a certeza da extensão da minha ignorância das coisas do mar...” disse.

Em todas as estórias como essas, somente as pessoas que viveram os fatos é que podem nos dizer exatamente como esses acidentes aconteceram. Talvez possamos elucubrar sobre o que poderia ter sido feito para evitá-los. Entretanto, a cada leitura, a cada relato, podemos trabalhar efetivamente para que situações de emergência não se tornem tragédias. Preparar os acompanhantes de um passeio mostrando a localização dos equipamentos de emergência, ensinar (e aprender!) a usar pirotécnicos, estabelecer um controle efetivo (no diário de bordo, por exemplo) de vencimentos e reposições desses materiais de salvatagem, provisionamento de combustível para emergência, manutenção preventiva programada de velas, cabos, motor e demais componentes mecânicos, elétricos e eletrônicos, preparar previamente a derrota mesmo no “quintal de casa”, são atitudes simples que podem evitar ou minimizar um problema maior.

Por todos esses motivos, a ABVC – Associação Brasileira de Velejadores de Cruzeiro (www.abvc.com.br) incentiva e recomenda sempre a seus associados lembrando a velha máxima dos homens do mar: “quem vai ao mar, avia-se em terra”. Tá safo?

BOX

O exato momento de abandonar o barco é uma decisão difícil e só deve ser feito em último caso, quando a situação estiver fora de controle, não existindo mais possibilidades de flutuação segura da embarcação. O ideal é ter um “saco de abandono” preparado (que pode ser comprado), e que seja flutuante, de cor viva e leve, com itens essenciais.
Veja o que fazer:

·        Vista o colete aos primeiros sinais de forte emergência;

·        Designe uma pessoa para emitir um alerta pelo canal 16 indicando o nome da embarcação, cor predominante ou alguma diferenciação que permita a identificação a distância, a posição, e o número de tripulantes

·        Prepare o saco de abandono, preferencialmente estanque, com água potável, alguma comida (bolachas ou outros alimentos à mão), uma faca ou canivete, pirotécnicos e se possível ainda, espelho, linha e anzol, um VHF portátil e um GPS. Você pode deixar um check list pronto, guardado em local de fácil acesso e entregar a uma pessoa para que providencie os itens

·        Caso a embarcação possua, ative o EPIRB e libere a balsa de sobrevivência

·        Se não possuir balsa, libere o bote com os remos, coloque os tripulantes à bordo, pegue o saco de abandono e fique distante da embarcação se ela estiver afundando. Caso estabilize-se numa flutuação, mantenha-se próximo a ela

·        Mantenha sempre a calma e designe turnos de vigilância para procurar auxílio como navios ou sinais de pessoas na costa

·        De dia, dê preferência ao espelho e ao usar os pirotécnicos, leve em consideração a direção e intensidade do vento

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